Por que tantas pessoas têm medo de baratas ou insetos voadores?

FOBIAS SÃO TRANSMITIDAS GENETICAMENTE

Pavor de insetos

Não vamos nem falar das baratas, mas todo mundo conhece alguém que tem medo – mais do que isso, pavor mesmo – de qualquer inseto voador, seja uma mosca, abelha ou uma inofensiva mariposa.

Tamanha fobia, mesmo entre pessoas que vivem em ambientes completamente assépticos, pode ser explicada por um ancestral instinto de sobrevivência diante da ameaça de animais peçonhentos?

Em boa parte sim, porque um recente estudo aponta que o comportamento humano pode ser afetado por episódios vivenciados por gerações passadas por meio de uma espécie de memória genética.

Pesquisas da Emory University School of Medicine, nos EUA, mostraram que um evento traumático pode afetar o DNA no esperma e alterar os cérebros e o comportamento das gerações futuras.

O interessante estudo, publicado na revista científica Nature Neuroscience, indica que camundongos treinados para se esquivar de um determinado tipo de odor passaram essa aversão a seus ‘netos’.

CEREJEIRAS APAVORANTES

Especialistas dizem que os resultados são importantes para as pesquisas sobre fobia e ansiedade. Os animais foram treinados, por exemplo, para temer um cheiro similar ao da flor de cerejeira.

Os cientistas averiguaram, então, que dentro do espermatozoide dos camundongos o trecho do DNA responsável pela sensibilidade à essência estava mais ativo na célula reprodutiva masculina.

Tanto a prole dos camundongos quanto os descendentes destes demonstraram hipersensibilidade à flor de cerejeira e se esquivaram dela, mesmo que não tenham passado pela mesma experiência.

Os pesquisadores também identificaram mudanças na estrutura dos cérebros desses animais.

“Experiências vivenciadas pelos pais, mesmo antes da reprodução, influenciaram fortemente tanto a estrutura quanto a função no sistema nervoso das gerações subsequentes”, concluiu o relatório.

ASSUNTOS FAMILIARES

As descobertas oferecem evidência de uma “herança epigenética transgeracional”, ou seja, de que o ambiente pode afetar os genes de um indivíduos, que podem ser transmitidos aos seus herdeiros.

Tal característica pode ser um mecanismo pelo qual os descendentes mostram marcas de seus antecessores, já que o que acontece com o espermatozoide e o óvulo pode afetar as gerações futuras.

As descobertas são altamente relevantes para entender as fobias, ansiedade e desordens de estresse pós-traumático e fornecem “fortes evidências” de que a memória pode ser transmitida entre gerações.

Espera-se que a saúde pública leve em conta essas respostas transgeracionais humanas, que podem explicar desordens neuropsiquiátricas ou a obesidade, diabetes e as perturbações metabólicas.

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