Até na Internet o governo paga para que falem mal dele
NEM FREUD EXPLICA A MALUQUICE FEDERAL
Se existisse a especialidade de psicanálise política seria fácil diagnosticar que o governo, na sua relação com a velha mídia, sofre da mais evidente Síndrome de Estocolmo — um tipo de patologia em que a vítima ou se apaixona ou tenta conquistar a simpatia do sequestrador.
Porque somente isto justifica que a maior parte dos gastos oficiais com publicidade e propaganda federal seja destinada a veículos que só falam mal e conspiram o tempo todo contra o governo.
Dessa forma, o próprio governo contribui diretamente para ampliar o poder e o controle de um pequeno grupo de tubarões sobre o pensamento nacional, em prejuízo do pluralismo político e da mais ampla liberdade de expressão.
Segundo a Secom, o volume esmagador de publicidade federal veiculada na Internet concentrou-se, em 2012, nas mãos de grupos de mídia reacionários que compõem o PiG — Partido da imprensa Golpista.
Se for considerado que Globo, UOL, Folha, Estadão, Abril, RBS, e também as estadunidenses Microsoft, Fox e Yahoo, sociologicamente podem ser classificadas na categoria PiG, então este recebeu nada menos que 72,2% de toda publicidade oficial investida na rede mundial de computadores.
Ou seja, R$ 4,77 milhões de um universo de R$ 6,6 milhões.
Observe que o site da Fox, por exemplo, um canal ligado à mais extremista direita norte-americana, recebe 40 vezes mais que o blog progressista do Luis Nassif. E ninguém sabia que o site da Fox no Brasil era um dos mais visitados do país… Ou mesmo que o fosse, que merecia tantos recursos públicos.
Por outro lado, apenas o UOL, pertencente ao grupo Folha, um dos mais ferrenhos inimigos do atual governo, abocanha 16% de toda publicidade federal voltada para a Web.
O pior, contudo, é que estes grupos que drenam para si quase toda a verba federal veiculada na Internet são os mesmos que recebem a maior parte dos recursos destinados para outras mídias.
O PIB de 2012 pode ter sido fraco, subindo apenas 1,6% sobre o ano anterior (ou 1,35% em números dessazonalizados), mas a publicidade federal destinada às empresas do grupo Globo cresceu 36% em 2012, atingindo R$ 49,64 milhões, ou 43,6% de toda a publicidade federal no ano.
Daí que nem Freud conseguiria explicar que tipo de estímulo ao pluralismo polítco e à liberdade de expressão existe em dar todo o dinheiro para Globo, UOL e Abril e apenas migalhas para a blogosfera.
Coisa de louco: um governo com viés progressista foi sequestrado em sua vontade política para manter a concentração midiática e a consequente pobreza de ideias.
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