As redes são sociais, não octógnonos para golpes de MMA verbais

JÁ É HORA DE MENOS MIMIMI E MAIS HAHAHA

Bate-boca nas redes sociais

Os trolls são fáceis de identificar, você já sabe como se livrar deles, não alimentando-os. Mas o que, às vezes, surpreende são os “amigos” que cismam de floodar sua TL com comentários agressivos.

Esta tendência se acentua em períodos de radicalização política, com o clima cada vez mais violento nas redes sociais e nos blogs, com pessoas pedindo sangue ou pulando na jugular umas das outras.

Postagens e tuítes destruidores confirmam que ainda atravessamos a adolescência da internet, em que pessoas com os hormônios à flor da pele fazem besteiras com os dedos em riste nos teclados.

Os formadores de opinião têm uma parcela grande de responsabilidade ao incendiar a galerinha que não estava acostumada com o debate público. É hora de pensar o quanto podemos ser infantis.

Cultura política, portanto, é algo que deveria ser melhor fomentado, desde cedo, não só via estrutura formal de educação, mas ao longo da vida através de espaços públicos e meios de comunicação.

Leonardo Sakamoto ensina como evitar simplificações políticas, onde há complexidade de matizes e zonas cinzentas. E mostra que temos o direito de discordar das pessoas e continuar amigo delas.

Discussões no Facebook

10 DICAS PARA NÃO SER VISTO COMO IDIOTA NA INTERNET

1) Não existe Verdade absoluta. O que temos são pontos de vista e é até aceitável que cada um veja o seu como a sua verdade suprema. Então, defenda o seu argumento mas sem nunca esquecer que ele é apenas isso: a interpretação do mundo que você resolveu chamar de seu. E que, do outro lado, tem uma pessoa – não um perfil, página ou conta de twitter.

2) “Tá bom, mas não se irrite!”, como dizia o sábio Roberto Bolaños. Você não acha idiota alguém que entra no carro e passa a ver provocação em tudo no trânsito? Então, não faça o mesmo com o teclado. Respire, acalme-se, conte até dez. Coloque uma musiquinha do Kenny G.

3) Antes de postar, pergunte-se: este comentário é realmente necessário? Não estou dizendo relevante porque provavelmente não é, tal qual este post. Mas necessário. Se está postando algo só para magoar alguém, putz, sinto informar que você tem problemas sérios… E recuse pauperizações. Porque o discurso indignado fundamentado na própria indignação não vale nada: o vazio conceitual de muita gente faz com que suas posições se confundam. Sejam de esquerda, sejam de direita. Se é pra falar mais, num mundo já tão saturado de palavras, que se fale bem.

Bate-boca nas redes sociais

4) Petralhas. Tucanalhas. Amantes da Coreia do Norte e de Cuba. Burguesia fétida e morfética. Mensaleiro. Trensaleiro. Esquerdista caviar. Direitista pão com manteiga. Corinthiano. Sabia que atacar o argumentador ao invés do argumento em um debate entrega o quão vazio você é?

5) Leve o Facebook e o Twitter menos a sério. Vou revelar uma coisa que, talvez, não acredite: o mundo vai continuar girando mesmo sem suas postagens nas redes sociais. Aterrorizante, não? Pois, na maioria das vezes, elas são conversas de boteco digitais. Um papo com breja não é tão importante quanto o nascimento da primeira filha, então, contenha-se.

6) Primeiro, leia um texto inteiro (e não apenas o título) e tente entender o que a pessoa escreveu antes de comentar. Nem tudo é preto no branco, considere tons de cinza. Lembre-se que a língua portuguesa tem figuras de linguagem – ironia, principalmente. Não insira palavras e ideias que não estão na postagem alheia ou aplique intepretações malucas escondidas que só os paranóicos vêm. Vai por mim, nem tudo na internet foi publicado para te irritar.

Brigas no Facebook

7) Você não está sozinho quando posta uma abobrinha. Milhares de pessoas podem estar lá vendo. Faça um teste: vá até a conexão das estações Consolação e Paulista do metrô e grite a plenos pulmões aquelas coisas fora da casinha que você costuma gritar na rede. Se ninguém estranhar, publique.

8) Há pessoas preocupadas apenas em ganhar debates e ignoram as dores do outro. E ofendem, xingam, maltratam, espantam. E há aquelas que querem construir algo através deles. E ouvem, entendem, toleram, absorvem. Qual desses grupos você acha que vai deixar saudades se partir?

9) Opiniões díspares não devem nos afastar e discordâncias não devem nos separar. Aliás, ninguém concordará com tudo o que está aqui, pois esta lista é arbitrária como toda lista, repleta de equívocos. Nada é tão certo. Nada é tão simples.

10) Aprenda a rir de si mesmo. Todos temos estilos, contradições, somos caricatos. Leitores atentos percebem isso e vão cutucar você. Não se ofenda. Ria junto. Diz muito sobre a inteligência de uma pessoa a capacidade de autocrítica que ela tem. Enfim, #somostodosridiculos. [E se beber… não tecle!]

No Blog do Sakamoto

2 comentários em “As redes são sociais, não octógnonos para golpes de MMA verbais

  • 14 de fevereiro de 2014 em 15:00
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    Muito apropriado, parabéns.

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    • 14 de fevereiro de 2014 em 15:59
      Permalink

      Como defendemos no Face, Regina: todo mundo tem opinião e ela deve ser respeitada – questão de maturidade e prova de que nos merecemos como seres civilizados. Abs, Marcos

      Resposta

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