Árvores ‘gritam’ quando estão com ‘sede’ em períodos de seca

FORMAS DE COMUNICAÇÃO DAS PLANTAS

O grito das árvores

Já se sabia que as plantas desenvolveram algumas formas de comunicação para preservar suas espécies. Há vegetais que “falam” e, se o fazem, é porque também “escutam”; assim como outros soltam gases quando se sentem ameaçados por instrumentos de corte.

A novidade agora é que, tal como os humanos demonstram ou falam que estão com sede, tentando engolir água desesperadamente em casos extremos, as árvores produzem ruídos ultra-sônicos para atrair o máximo de líquido possível durante os períodos de seca.

E, acredite, estes sons são 100 vezes mais rápidos do que os captados pelo ouvido humano.

Quem garante é uma equipe de botânicos e biólogos liderada pelo pesquisador francês Philippe Marmottant da Universidade de Grenoble. Ele acredita que conseguiu reproduzir este efeito em laboratório e registrar todo o processo.

Foram usados pedaços de madeira de pinho cortadas e embebidas de hidrogel, recriando possíveis condições de uma árvore viva.

O gel foi exposto a um ambiente artificial de seca e os pesquisadores conseguiram “ouvir” os sons que começaram a ser liberados pela madeira. O barulho vinha das bolhas de ar que começam a subir e desaparecer, em um processo chamado cavitação.

Quando as folhas liberam o dióxido de carbono, elas precisam abrir certos poros em sua superfície, o que tem como conseqüência a perda de água. Isso é balanceado por seu sistema radicular que capta água do solo.

EMBOLIA GASOSA

Esse esforço de tentar puxar a umidade do solo cria bolhas de ar. “Podemos acompanhar a articulação das bolhas e descobrimos que a maioria dos sons que ouvimos são ligados às bolhas”, declarou Marmottant.

Agora os pesquisadores estão na corrida para desenvolver um equipamento capaz de ouvir esses sons liberados pelas plantas. Isto seria útil porque essas bolhas de ar podem bloquear o fluxo de água em várias partes da planta, levando à morte do vegetal por uma espécie de embolia gasosa.

Marmottant ainda disse que o estudo está em fase de discussão com biólogos para conseguir produzir um sensor eficaz.

“Estes biólogos têm uma boa experiência para fazer isso, então nós esperamos que os futuros estudos nos forneçam algumas informações novas sobre os sons que as árvores emitem”, comentou.

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