Proteção à indústria sustenta crescimento econômico do Brasil

Crescimento econômico do Brasil

AS BANDEIRAS DO DESENVOLVIMENTO

O Chefe de Redação

Não há como substituir a indústria como motor do crescimento. É o setor com a cadeia produtiva mais capilarizada – com o maior número de fornecedores e fornecedores de fornecedores – e, portanto, com maior capacidade de irrigar a economia brasileira. Além disso, é a grande demandadora de serviços, de pesquisas e inovação. Saiba quais serão os nossos desafios imediatos, na análise de Luis Nassif.

DOIS ANOS DECISIVOS PARA O BRASIL

Os próximos dois anos serão decisivos para consolidar (ou não) a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento brasileiro.

A disposição de Dilma Rousseff em defender a produção nacional demonstra que tem plena consciência do papel que lhe cabe na atual etapa do desenvolvimento brasileiro.

A Fernando Henrique Cardoso coube o desafio da estabilidade e o desenvolvimento de um modelo de governabilidade político – nesse complicadíssimo presidencialismo de coalizão.

A Lula, as políticas de inclusão social, que tiveram como desfecho a formação de um robusto mercado de consumo interno. Daqui para frente, o trabalho será de fortalecer esse modelo de combate à miséria.

Mas não apenas isso. O mercado interno é condição necessária, embora não suficiente, para a explosão sustentada do desenvolvimento.

Aumenta-se o mercado interno. Se não houver produção doméstica, esse aumento será ocupado por produtos importados.

No curto prazo, criará constrangimentos nas contas externas. No médio prazo, tirará o dinamismo da economia brasileira e sua capacidade de continuar gerando empregos e aumento de renda.

Nas últimas décadas, o discurso econômico hegemônico [neoliberal] procurou levantar qualquer argumento que justificasse a manutenção dos juros altos e do câmbio apreciado. Um deles é que uma economia como a brasileira poderia prescindir do papel da indústria como agente dinâmico da economia, substituindo-a pelo setor de serviços.

Ora, a pátria da nova sociedade do conhecimento, os Estados Unidos, talvez tenha cometido o maior erro estratégico da era moderna ao supor que poderia abrir mão de indústrias intensivas em mão de obra e se concentrar apenas em tecnologia da informação, sistema espacial e setor financeiro.

Acabou por transfomrar a China no chão de fábrica do mundo e tirou a capacidade do país de gerar empregos e manter o dinamismo do mercado interno.

Não há como substituir a indústria como motor do crescimento. É o setor com maior cadeia produtiva – isto é, com maior número de fornecedores e fornecedores de fornecedores – e, portanto, com maior capacidade de irrigar a economia.

Além disso, é grande demandadora de serviços, de pesquisas, inovação.

A Inglaterra tornou-se a maior potência do século 19, a China será a maior do século 21 porque souberam montar um modelo que ampliou enormemente seu mercado consumidor – as empresas inglesas exportando para América do Sul e Ásia; a China, para o mundo e para seu próprio mercado interno.

Se conseguir completar esse ciclo, ampliar efetivamente o mercado para os produtos brasileiros, se poderá dizer que o crescimento brasileiro será, de fato, irreversível.

No Luis Nassif Online

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