Radiação nuclear no Japão prejudica consumo de peixes por 10 anos

Radiotividade em peixes no Japão

EFEITOS DO TSUNAMI

Do blog ECOnsciência

Por pelo menos uma década os peixes que vivem nas águas próximas à usina nuclear de Fukushima, no Japão, vão apresentar radiatividade elevada demais para o consumo humano.

Pesquisas feitas um ano e meio após o terremoto seguido de tsunami que destruiu a região revelam amostras com altos níveis de contaminação e poucos sinais de queda.

De acordo com estudo publicado na ultima edição da revista “Science”, as espécies de maior porte e as que vivem perto do piso do mar oferecem o maior risco.

Isto significa que bacalhaus, alabotes, julianas, raias e linguados das águas próximas ao vazamento dos reatores terão seu consumo restrito por pelo menos uma década.

Amostras de peixes pescados depois de um desastre sugerem que ainda existe uma fonte de césio no piso do mar ou ainda em descarga para as águas marinhas, talvez pelo resíduo da água usada no resfriamento do reator da usina.

Como os níveis de isótopos radiativos nos peixes não estão caindo com a rapidez que deveriam, as perspectivas da pesca na área devem ser pobres pelos próximos dez anos.

“Esses peixes podem ter de ficar proibidos por muito tempo. A coisa mais surpreendente para mim foi que os níveis de radiatividade nos peixes não estavam caindo. Os números deveriam estar muito mais baixos”, disse Ken Buesseler, cientista sênior da Woods Hole Oceanographic Institution, nos EUA, e autor do estudo intitulado “Pescando Respostas ao Largo de Fukushima”.

Ele disse que suas constatações — extraídas em parte de pesquisas japonesas e em parte de amostras de peixes obtidas na área — demonstram como é difícil prever o resultado de um incidente nuclear tal como o de Fukushima.

Em 2011, depois do terremoto e tsunami que atingiram o Japão em 11 de março e causaram a morte de quase 20 mil pessoas, os reatores nucleares da usina sofreram uma série de vazamentos de radiação causados pela falha de seus sistemas de refrigeração, e os trabalhadores da usina tiveram de trabalhar freneticamente para desativá-los.

Foi o pior desastre nuclear no planeta desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

Depois do incidente, o governo japonês tentou acalmar o temor do público baixando o nível de radiatividade que torna um peixe inapropriado para o consumo humano.

Desde abril de 2012, só podem ser vendidos no Japão peixes que contenham menos de cem becqueréis de césio 134 e de césio 137 por quilo de peso, ante um limite anterior de 500 becqueréis.

Buesseler disse que isso havia acontecido não por conta de uma mudança nas recomendações científicas, mas porque o governo desejava reassegurar a população.

“Não é um nível letal. Não estou tentando ser alarmista”, disse. “Mas os níveis de radiatividade nos peixes testados são mensuráveis e consistentes. Representam uma pequena elevação de risco”.

Ele acrescentou, porém, que comer grande quantidade desses peixes por prazos longos poderia ser prejudicial. Os peixes são parte mais importante da dieta no Japão do que em países como os Estados Unidos e Reino Unido.

The Guardian

Um comentário em “Radiação nuclear no Japão prejudica consumo de peixes por 10 anos

  • 12 de março de 2015 em 00:14
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    A matéria é de 2012, estou aqui em 2015, o mesmo problema persiste, a radiação alta, o governo escondendo a realidade e a TEPCO se batendo para isolar a água radioativa.

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