Ministra chora ao explicar arrocho dos bancos contra aposentados

LÁGRIMAS NO FUNERAL DO BEM-ESTAR SOCIAL *

O Chefe de Redação

A cena resume a Europa hoje. A Ministra do Trabalho italiana, Elsa Fornero, não consegue conter o choro ao explicar a parte do arrocho de 30 bilhões de euros anunciado no último domingo, 4, pelo primeiro-ministro Mário Monti [o interventor da banca internacional], que penalizará fortemente os mais velhos através do sistema previdenciário do país.

Trabalhadores perdem direitos

A idade mínima de aposentadoria foi elevada para 62 anos no caso das mulheres e 66 anos para os homens. Até 2018, a idade única será de 66 anos.

A antecipação de pedidos de aposentadoria até lá exigirá um mínimo de 41 anos de contribuição para mulheres e de 42, no caso dos homens.

Pensões acima de 936 euros foram congeladas; aquelas abaixo desse valor serão corrigidas apenas parcialmente.

Trata-se de um arrocho de sangue sobre as gerações mais velhas, que congela e corrói o amparo social justamente quando mais se necessita dele na curva final da vida.

É uma ruptura de valores e laços compartilhados que desmantela as bases do Estado do Bem-Estar Social pelo qual muitos dos que agora estão sendo descartados lutaram.

Na cena asséptica e pastosa da solenidade montada para vestir de fatalidade contábil aquilo que é uma expropriação de renda em benefício dos rentistas, Elsa Fornero destoou.

Em lágrimas, não conseguiu concluir o raciocínio justificatório para a palavra ‘sacrifício’.

Precisou interromper a explicação sobre os detalhes do pacote sendo substituída então por Monti, o tecnocrata elegante, na verdade um bloco granítico e calculista a serviço dos mercados, explicitamente reconhecido como um interventor deles no Estado italiano.

Veja a cena, expressiva da tensão gerada pelo desmonte do Estado do Bem-Estar Social numa União Européia em que a sobrevivência, ou a derrocada final, da moeda única será decidida esta semana, na reunião de cúpula de Bruxelas, na 6ª feira.

* Na Carta Maior

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O Chefe de Redação


Um comentário em “Ministra chora ao explicar arrocho dos bancos contra aposentados

  • 5 de dezembro de 2011 em 16:18
    Permalink

    A RELIGIÃO DA DÍVIDA

    Só para entender melhor o golpe de estado aplicado contra a democracia pelos homens de preto

    Conselheiro para negócios internacionais do banco Goldman Sachs desde 2005 (na qualidade de membro do Research Advisory Council do Goldman Sachs Global Market Institute), Mario Monti foi nomeado comissário europeu para o mercado interno em 1995, mesmo cargo para a Concorrência em Bruxelas (1999-2004).

    É presidente da Universidade Bocconi, em Milão, membro do comitê diretor do poderoso Clube Bilderberg, do think tank neoliberal Bruegel, fundado em 2005, do præsidium Amigos da Europa, outro influente think tank com sede em Bruxelas… e conselheiro da Coca-Cola.

    Em maio de 2010, chegou à presidência do departamento Europa, da Trilateral, um dos mais poderosos cenáculos da elite oligárquica internacional.

    A sua missão atual no cargo de primeiro-ministro instituído pelos rentistas financeiros é “reeducar” os italianos na religião da dívida.

    Acha insuficiente? Então veja mais sobre o golpe de estado em http://resistir.info/crise/duval_01dez11.html

    Resposta

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