Manipulação da velha mídia para melar a CPI do Cachoeira

Jornal Nacional e Veja - Cachoeira

AS VELHAS CARTAS MARCADAS

O Chefe de Redação

Nos próximos dias, haverá um aumento da chantagem da imprensa sobre políticos. É um jogo intimidatório pesado. Haverá também a estratégia de misturar factoides com fatos objetivos, visando embolar o entendimento da opinião pública. Seria medida de prudência jornais e jornalistas se darem conta de que rompeu-se a muralha do silêncio e do medo. Veículos e jornalistas que entrarem no esquema correrão o risco de serem indiciados pela Justiça. Está chegando ao fim a era da plena impunidade para o mau jornalismo e para o uso de dossiês criminosos.

AS MANOBRAS DO ESQUEMA CACHOEIRA

por Luis Nassif *

Na condição de réu, o senador Demóstenes Torres teve acesso às peças do inquérito Monte Carlo.

Agora, está selecionando informações para, em conluio com jornalistas do esquema Cachoeira, jogar o foco das investigações na Construtora Delta.

Sabendo-se das ligações de Cachoeira com a Delta, são até risíveis matérias informando sobre as tratativas do bicheiro para conseguir acesso a altos executivos da empresa — como se fosse uma figura menor aproximando-se da toda poderosa Delta.

A lógica da estratégia Cachoeira-Demóstenes-aliados é simples. A Delta é parte do universo a ser investigado; Cachoeira é o todo. Focando na Delta, tenta-se tirar do foco o chefe da quadrilha, Cachoeira, o seu principal lugar-tenente, Demóstenes, assim como as ligações midiáticas da estrutura criminosa.

De quebra, desestimulam-se peemedebistas — já que a Delta tem relações com o governador Sérgio Cabral Filho — e petistas, pelas ligações com o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz.

Nos próximos dias, haverá um aumento da chantagem de alguns veículos sobre políticos. É um jogo intimidatório pesado. Parlamentares escolhidos para a CPI serão alvo de represálias do esquema criminoso.

Haverá também a estratégia de misturar factóides com fatos objetivos, visando embolar o entendimento da opinião pública.

A CPI de Cachoeira mostrará se o país poderá aspirar a um lugar no mundo moderno, se dispõe de instituições capazes de enfrentar toda sorte de poderes — do Executivo, Judiciário, Legislativo e ao até agora intocado poder midiático.

Se se quiser, de fato, passar o país a limpo, o Congresso terá que pagar para ver, assim como parece estar sendo a posição do Executivo.

Seria medida de prudência jornais e jornalistas se darem conta de que rompeu-se a muralha do silêncio e do medo. Veículos e jornalistas que entrarem no esquema correrão o risco de serem indiciados pela Justiça.

Está chegando ao fim a era da plena impunidade para o mau jornalismo e para o uso de dossiês criminosos.

* Em Luis Nassif Online

2 comentários em “Manipulação da velha mídia para melar a CPI do Cachoeira

  • 13 de abril de 2012 em 21:39
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    “A mídia é o único poder que tem a prerrogativa de editar suas próprias leis, ao mesmo tempo em que sustenta a pretensão de não se submeter a nenhuma outra”. (Paul Virilio)

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  • 13 de abril de 2012 em 18:57
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    Como diz o Azenha, PMM, a mídia corporativa tem muito a perder com a CPI do Cachoeira. Pela primeira vez na história da República, o grande público terá acesso aos métodos aplicados em nome do “jornalismo investigativo” e à relação entre arapongas e redações. São estes métodos que garantem à mídia ascendência sobre políticos e agentes públicos e, portanto, atendimento a importantes interesses econômicos. Ou alguém acredita que os tucanos alimentam a mídia paulista por achá-la boazinha?

    Além disso, as capas-bomba da revista Veja eram repercutidas automaticamente, sem qualquer questionamento. A bola rolava na revista, era impulsionada pelo JN de sábado e ganhava as páginas de O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo já no domingo. A ordem era repercutir, repercutir, repercutir. Se possível, com novos ângulos e novas investigações. O mar de lama, curiosamente, só banhava uma praia…

    Completo: http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/amedrontar-para-circunscrever.html

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