Criptografia – a velha segurança para os novos telefones

Telefone anti-grampo

CONTRA HACKERS, ARAPONGAS E JORNALISTAS BISBILHOTEIROS

A Cachaça da Happy Hour

Se há algo que causa certo incômodo ver e ouvir na TV – com bastante regularidade na Globo – são as gravações de escutas realizadas pela polícia.

Parece banal divulgar tais informações enquanto corre o inquérito mas, por princípio, elas não deveriam estar protegidas pelo segredo de justiça?

Esta prática da imprensa não pode resultar em “assassinatos de reputação” e causar outros estragos na vida de pessoas investigadas, presumivelmente inocentes até que sejam condenadas?

Enfim, enquanto não saem as tão aguardadas leis de regulação da mídia, os mais apressados pelo menos já podem contar com a tecnologia para se proteger de possíveis invasões dos arapongas.

Celular criptografadoE haja tecnologia: alguns aplicativos de smartphones conseguem enganar hackers ao criptografar a voz e os textos em tempo real.

Uma das pioneiras no ramo é a alemã GSMK, sediada em Berlim. Ela criou e começou a vender comercialmente o CryptoPhone com tecnologia militar.

Algoritmos de criptografia garantem que qualquer informação passada de telefone para telefone (desde que ambos tenham o sistema) esteja protegida de pessoas com “boas” ou más intenções.

O preço ainda não é nada convidativo: 2 mil euros, ou cerca de R$ 5,4 mil reais – mais que um notebook de ponta. Mesmo assim, já existem 10 mil smartphones em uso.

Mas um concorrente entrou na moda com uma opção mais barata e, imagina-se, mais eficiente que aquela “furada” em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o jornalista da Veja tanto confiavam.

A empresa Silent Circle, de Washington DC, EUA, anunciou um aplicativo chamado Silent Phone que criptografa chamadas em tempo real e funciona nos aparelhos do iPhone.

Com uma versão para o Android, a ser lançada em breve, tem um preço bem mais acessível: 13 libras por mês, ou o equivalente a R$ 43 reais mensais.

Mike Janke trabalhou como especialista em segurança da Navy Seals (uma força de operações especiais da Marinha dos EUA) e afirma que ficou surpreso com a demanda pelo seu serviço.

Celular criptografado

“Celebridades top de Hollywood, oficiais de forças especiais, diplomatas e algumas empresas incluídas na lista Fortune 100 (as 100 empresas com maior receita) se cadastraram para usar o serviço em nossos primeiros 40 dias”, disse ele ao NewScientist.

Para proteger os segredos industriais de empresas, a GSMK substitui sistemas operacionais comuns pelo seu próprio, mais seguro.

Os dois programas – da GSMK e Silent Circle – usam uma criptografia que ocorre no próprio telefone, de modo que nenhum servidor atue e fique vulnerável a hackers.

Quando uma chamada é feita, duas palavras-código aparecem na tela do celular e devem ser pronunciadas por quem chamou e por quem atendeu. Se der certo, a conversa pode seguir em segurança.

Smartphone criptografadoAlém disso, eles usam dois métodos de criptografia, para que um continue funcionando caso o outro dê problemas. Bjoern Rupp, fundador da GSMK, admite que “é um design bem paranoico”.

Já Mike afirma que, por ser um aplicativo, o Silent Phone ainda está vulnerável a ataques de outros apps que possam roubar os dados antes que estejam protegidos pela criptografia.

Os textos seguros podem ser apagados após um determinado período configurado pelo usuário, mas ainda é possível tirar fotos da tela do celular com a própria câmera do aparelho.

O GSMK ganha nessa, por ter um sistema operacional que evita tal função em sua configuração padrão.

Vale lembrar que ambas as empresas doam telefones seguros para entidades defensoras dos direitos humanos para que eles possam fazer ligações seguras.

Eric King, membro do grupo londrino Privacy International, que luta por mais privacidade para as pessoas frente às tentativas de invasão por parte de governos e empresas, afirma que as redes de telefone é quem deveriam trabalhar para evitar esses grampos.

“Grampos de telefones não aconteceriam caso as redes gerassem um número PIN aleatório para contas de correio de voz da mesma forma que os bancos fazem”, disse ele.

Com informações do Jornal Ciência

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