Como se comportar ANTES de uma entrevista para vaga de emprego

Entrevista para emprego

CANDIDATOS NA SALA DE ESPERA

Por Yuri Vandereer *

A primeira impressão é a que fica. Em poucas situações o velho ditado é tão apropriado para definir o que, muitas vezes, se passa nas salas de espera para entrevistas de pretendentes a vagas de emprego em companhias de grande porte.

Embora a maioria não perceba — por uma capacidade de observação pouco desenvolvida ou simples imaturidade –, o enervante “chá de cadeira” a que os candidatos são submetidos nem sempre é tão inocente quanto possa parecer.

O comportamento de cada um em situações de estresse como esta, ninguém se iluda, é sutilmente monitorado por inúmeros olhares, sejam eles orgânicos ou eletrônicos. A oportunidade de trabalho pode ser decidida no detalhe, antes mesmo do temível interrogatório.

Digo isto por experiência própria, quando tive a pretensão de ocupar um dos cargos disponíveis no departamento de Comunicação Visual de uma empresa muito importante. Sabia que a disputa seria acirrada e escassas as chances de sucesso.

Como exemplo, descrevo o que aconteceu. Para surpresa geral, todos os candidatos foram convocados para as entrevistas na mesma data e horário. Num hall transformado em sala de espera foram dispostas várias cadeiras para acomodar os selecionáveis.

Os funcionários de vários setores, com a rotina alterada, transitavam curiosos entre aquelas caras novas e estranhas ao seu ambiente profissional.

De maneira geral, o grupo sortido de pretendentes se mostrava pouco amistoso com a concorrência, atitude justificável pela tensão que pairava no ar.

A maioria fingia se distrair, alheia, com seus gadgets: teclando celulares, ouvindo mp3 com fones ao ouvido, navegando em notebooks, coisas assim. Ou mesmo cochilando. A cada 10 ou 15 minutos um era convocado ao cadafalso.

Na medida em que o tempo transcorria, eu cumprimentava com discrição os transeuntes atarefados, posicionado próximo à passagem principal, enquanto observava atentamente a fauna impaciente e bocejante.

Vagas para emprego

Alguns candidatos pareciam deslocados no cenário, com suas indumentárias, cortes de cabelo, tatuagens, brincos e piercings extravagantes — mais apropriados, imaginei, a marinheiros engajados no navio do capitão Jack Sparrow e seus piratas do caribe.

E eu lá, nem tão mauricinho a ponto de parecer careta, nem tanto estiloso para chamar demais a atenção com a embalagem. Enfim, sóbrio e discreto, como convém em tais ocasiões.

Ao fim e ao cabo daquele suplício interminável chegou a minha vez de encarar o carrasco, digo, entrevistador. Todos já haviam se mandado, fui um dos últimos sorteados.

Para minha surpresa, o questionário se resumiu a três perguntas básicas, respondidas em menos de outro tanto de minutos. Acabava de ser sumariamente aprovado com um cumprimento entusiasmado.

Tempos depois, já devidamente aclimatado na minha função, um colega bem informado deixou escapar o motivo que pesou na minha contratação.

Havia sido escolhido pelo relacionamento — mudo — estabelecido com os selecionadores que se movimentavam disfarçados entre os funcionários da empresa, enquanto escaneavam a atitude e a postura dos candidatos.

É óbvio que o currículo contou, mas a comunicação visual — exatamente o nome do setor que oferecia poucas e disputadíssimas vagas de emprego — foi o diferencial que resultou na minha imediata admissão.

E num enorme impulso em minha carreira profissional.

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* Yuri Vandereer é designer e editor do Blog HotGaragem.

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