A meritocracia na raiz do conservadorismo da nossa classe média

POR QUE A CLASSE MÉDIA É REACIONÁRIA?

Charge política

O texto é longo, porém delicioso, para ser lido de uma só tacada, até perder o fôlego. O mais provável, caso seja nosso visitante assíduo, é que você não se enquadre nesta análise sobre o conservadorismo da classe média brasileira. Mas, certamente, irá lembrar de muitos familiares que costumam azedar os almoços de domingo e de certos amigos ou conhecidos que enchem o saco na mesa de um bar.

O ENIGMA DA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA

Por Renato Santos de Souza *

A primeira vez que ouvi Marilena Chauí bradar contra a classe média, chamá-la de fascista, violenta e ignorante, tive a reação que provavelmente a maioria teve: fiquei perplexo e tendi a rejeitar a tese quase impulsivamente.

Afinal, além de pertencer a ela, aprendi a saudar a classe média. Não dá para pensar em um país menos desigual sem uma classe média forte: igualdade na miséria seria retrocesso, na riqueza seria impossível.

Então, o engrossamento da classe média tem sido visto como sinal de desenvolvimento do país, de redução das desigualdades, de equilíbrio da pirâmide social, ou mais, de uma positiva mobilidade social, em que muitos têm ascendido na vida a partir da base.

A classe média seria como que um ponto de convergência conveniente para uma sociedade mais igualitária. Para a esquerda, sobretudo, ela indicaria uma espécie de relação capital-trabalho com menos exploração.

Distância entre ricos e pobres

Então, eu, que bebi da racionalidade desde as primeiras gotas de leite materno, como afirmou certa vez um filósofo, não comprei a tese assim, facilmente. Não sem uma razão. E a Marilena não me ofereceu esta razão.

Ela identificou algo, um fenômeno, o reacionarismo da classe média brasileira, mas não desvendou o sentido do fenômeno. Descreveu “O QUE” estava acontecendo, mas não nos ofereceu o “PORQUE”.

Por que logo a classe média? Não seria mais razoável afirmar que as elites é que são o “atraso de vida” do Brasil, como sempre foi dito? Mais, ela fala da classe média brasileira, não da classe média de maneira geral, não como categoria social.

Então, para ela, a identificação deste fenômeno não tem uma fundamentação eminentemente filosófica ou sociológica, e sim empírica: é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana.

E por que a classe média brasileira e não a classe média em geral? Estas indagações me perturbavam, e eu ficava reticente com as afirmações de dona Marilena.

Charge política

Com o passar do tempo, porém, observando muitos representantes da classe média próximos de mim (coisa fácil, pois faço parte dela), bem como a postura desta mesma classe nas manifestações de junho deste ano, comecei lentamente a dar razão à filósofa.

A classe média parece mesmo reacionária, talvez não toda, mas grande parte dela. Mas ainda me perguntava “por que” a classe média, e “por que” a brasileira? Havia um elo perdido neste fenômeno, algo a ser explicado, um sentido a ser desvendado.

Então adveio aquela abominável reação de grande parte da categoria médica – justamente uma categoria profissional com vocação para classe média – ao Programa Mais Médicos, e me sugeriu uma resposta.

Aqueles episódios me ajudaram a desvendar a espuma. Mas não sem antes uma boa pergunta!

Como pode uma categoria profissional pensar e agir assim, de forma tão unificada, num país tão plural e tão cheio de nuanças intelectuais e políticas como o nosso?

Estudantes de medicina e médicos parecem exibir um padrão de pensamento e ação muito coesos e com desvios mínimos quando se trata da sua profissão, algo que não se vê em outros segmentos profissionais.

Isto não pode ser explicado apenas pelo que se convencionou chamar de “corporativismo”. Afinal, outras categorias profissionais também tem potencial para o corporativismo, e não o são, ao menos não da mesma forma.

Então deveria haver outra interpretação para isto.

Radiografia de dinheiro

Bem, naqueles episódios do Mais Médicos, apesar de toda a argumentação pretensamente responsável das entidades médicas buscando salvaguardar a saúde pública, o que me parecia sustentar tal coesão era uma defesa do mérito, do mérito de ser médico no Brasil.

Então, este pensamento único provavelmente fora forjado pelas longas provações por que passa um estudante de medicina até se tornar um profissional: passar no vestibular mais concorrido do Brasil, fazer o curso mais longo, um dos mais difíceis, que tem mais aulas práticas e exigências de estrutura, e que está entre os mais caros do país.

É um feito se formar médico no Brasil, e talvez por isto esta formação, mais do que qualquer outra, seja uma celebração do mérito. Sendo assim, supõe-se, não se pode aceitar que qualquer um que não demonstre ter tido os mesmos méritos, desfrute das mesmas prerrogativas que os profissionais formados aqui.

Então, aquela reação episódica, e a meu ver descabida, da categoria médica, incompreensível até para o resto da classe média, era, na verdade, um brado pela meritocracia.

A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora.

Charge política

Assim, boa parte da classe média pensa da seguinte forma:

. é contra as cotas nas universidades, pois a etnia ou a condição social não são critérios de mérito;

. é contra o bolsa-família, pois ganhar dinheiro sem trabalhar além de um demérito desestimula o esforço produtivo;

. quer mais prisões e penas mais duras porque meritocracia também significa o contrário, pagar caro pela falta de mérito;

. reclama do pagamento de impostos porque o dinheiro ganho com o próprio suor não pode ser apropriado por um Governo que não produz, muito menos ser distribuído em serviços para quem não é produtivo e não gera impostos.

. é contra os políticos porque em uma sociedade racional, a técnica, e não a política, deveria ser a base de todas as decisões: então, deveríamos ter bons gestores e não políticos.

Tudo uma questão de mérito.

Charge política

Mas por que a classe média seria mais meritocrática que as outras?

Bem, creio que isto tem a ver com a história das políticas públicas no Brasil. Nós nunca tivemos um verdadeiro Estado do Bem Estar Social por aqui, como o europeu, que forjou uma classe média a partir de políticas de garantias públicas.

O nosso Estado no máximo oferecia oportunidades, vagas em universidades públicas no curso de medicina, por exemplo, mas o estudante tinha que enfrentar 90 candidatos por vaga para ingressar.

O mesmo vale para a classe média empresarial, para os profissionais liberais etc. Para estes, a burocracia do Estado foi sempre um empecilho, nunca uma aliada.

Mesmo a classe média estatal atual, formada por funcionários públicos, é geralmente concursada, portanto, atingiu sua posição de forma meritocrática.

Então, a classe média brasileira se constituiu por mérito próprio, e como não tem patrimônio ou grandes empresas para deixar de herança para que seus filhos vivam de renda ou de lucro, deixa para eles o estudo e uma boa formação profissional, para que possam fazer carreira também por méritos próprios.

Isto forjou o ethos meritocrático da nossa classe média.

Isca para atrair desempregados

Esta situação é bem diferente na Europa e nos EUA, por exemplo.

Boa parte da classe média europeia se formou ou se sustenta das políticas de bem estar social dos seus países, estas mesmas que entraram em colapso com a atual crise econômica e tem gerado convulsões sociais em vários deles; por lá, eles vão para as ruas exatamente para defender políticas anti-meritocráticas.

E a classe média americana, bem, esta convive de forma quase dramática com as ambiguidades de um país que é ao mesmo tempo das oportunidades e das incertezas; ela sabe que apenas o mérito não sustenta a sua posição, portanto, não tem muitos motivos para ser meritocrática.

Se a classe média adoecer nos EUA, vai perder o seu patrimônio pagando por serviços privados de saúde pela absoluta falta de um sistema público que a suporte.

Se advém uma crise econômica como a de 2008, que independe do mérito individual, a classe média perde suas casas financiadas e vai dormir dentro de seus automóveis, como se via à época.

Então, no mundo dos ianques, o mérito não dá segurança social alguma.

Vale quanto pesa

As classes brasileiras alta e baixa (os nossos ricos e pobres) também não são meritocráticas.

A classe alta é patrimonialista; um filho de rico herda bens, empresas e dinheiro, não precisa fazer sua vida pelo mérito próprio, portanto, ser meritocrata seria um contrassenso; ao contrário, sua defesa tem que ser dos privilégios que o dinheiro pode comprar, do direito à propriedade privada e da livre iniciativa.

Além disso, boa parte da elite brasileira tem consciência de que depende do Estado e que, em muitos casos, fez fortuna com favorecimentos estatais; então, antes de ser contra os governos e a política, e de se intitular apolítica, ela busca é forjar alianças no meio político.

Para a classe pobre o mérito nunca foi solução; ela vive travada pela falta de oportunidades, de condições ou pelo limitado potencial individual. Assim, ser meritocrata implicaria não só assumir que o seu insucesso é fruto da falta de mérito pessoal, como também relegar apenas para si a responsabilidade pela superação da sua condição.

E ela sabe que não existem soluções pela via do mérito individual para as dezenas de milhões de brasileiros que vivem em condições de pobreza, e que seguramente dependem das políticas públicas para melhorar de vida.

Então, nem pobres nem ricos tem razões para serem meritocratas.

Charge política

A meritocracia é uma forma de justificação das posições sociais de poder com base no merecimento, normalmente calcado em valências individuais, como inteligência, habilidade e esforço.

Supostamente, portanto, uma sociedade meritocrática se sustentaria na ética do merecimento, algo aceitável para os nossos padrões morais.

Aliás, todos nós educamos nossos filhos e tentamos agir no dia a dia com base na valorização do mérito. Nós valorizamos o esforço e a responsabilidade, educamos nossas crianças para serem independentes, para fazerem por merecer suas conquistas, motivamo-as para o estudo, para terem uma carreira honrosa e digna, para buscarem por méritos próprios o seu lugar na sociedade.

Então, o que há de errado com a meritocracia, como pode ela tornar alguém reacionário?

Bem, como o mérito está fundado em valências individuais, ele serve para apreciações individuais e não sociais. A menos que se pense, é claro, que uma sociedade seja apenas um agregado de pessoas.

Então, uma coisa é a valorização do mérito como princípio educativo e formativo individual, e como juízo de conduta pessoal, outra bem diferente é tê-lo como plano de governo, como fundamento ético de uma organização social.

Neste plano é que se situa a meritocracia, como um fundamento de organização coletiva, e aí é que ela se torna reacionária e perversa.

Charge - Classe Média

Vou gastar as últimas linhas deste texto para oferecer algumas razões para isto, para mostrar porquê a meritocracia é um fundamento perverso de organização social.

1- A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.

2- A meritocracia exacerba o individualismo e a intolerância social, supervalorizando o sucesso e estigmatizando o fracasso, bem como atribuindo exclusivamente ao indivíduo e às suas valências as responsabilidades por seus sucessos e fracassos.

3- A meritocracia esvazia o espaço público, o espaço de construção social das ordens coletivas, e tende a desprezar a atividade política, transformando-a em uma espécie de excrescência disfuncional da sociedade, uma atividade sem legitimidade para a criação destas ordens coletivas.

Supondo uma sociedade isenta de jogos de interesse e de ambiguidades de valor, prevê uma ordem social que siga apenas a racionalidade técnica do merecimento e do desempenho, e não a racionalidade política das disputas, das conversações, das negociações, dos acordos, das coalisões e/ou das concertações, algo improvável em uma sociedade democrática e pluralista.

Lobo em pele de cordeiro

4- A meritocracia esconde, por trás de uma aparente e aceitável “ética do merecimento”, uma perversa “ética do desempenho”.

Numa sociedade de condições desiguais, pautada por lógicas mercantis e formada por pessoas que tem não só características diferentes mas também condições diversas, merecimento e desempenho podem tomar rumos muito distantes.

Mário Quintana merecia estar na ABL, mas não teve desempenho para tal. O Paulo Coelho, o Sarney e o Roberto Marinho estão (ou estiveram) lá, embora muitos achem que não merecessem.

Quintana, pelo imenso valor literário que tem, não merecia ter morrido pobre nem ter tido que morar de favor em um hotel em Porto Alegre, mas quem amealhou fortuna com a literatura foi o Coelho. Um tem inegável valor literário, outro tem desempenho de mercado.

O José, aquele menino nota 10 na escola que mora embaixo de uma ponte da BR 116 (tema de reportagem da ZH) merece ser médico, sua sonhada profissão, mas provavelmente não o será, pois não terá condições para isto (rezo para estar errado neste caso).

Na música popular nem é preciso exemplificar, a distância entre merecimento e desempenho de mercado é abismal. Então, neste mundo em que vivemos, valor e resultado, merecimento e desempenho nem sempre caminham juntos, e talvez raramente convirjam.

Mas a meritocracia exige medidas, e o merecimento, que é um juízo de valor subjetivo, não pode ser medido; portanto, o que se mede é o desempenho supondo-se que ele seja um indicador do merecimento, o que está longe de ser.

Desta forma, no mundo da meritocracia – que mais deveria se chamar “desempenhocracia” – se confunde merecimento com desempenho, com larga vantagem para este último como medida de mérito.

Charge política

5- A meritocracia escamoteia as reais operações de poder.

Como avaliação e desempenho são cruciais na meritocracia, pois dão acesso a certas posições de poder e a recursos, tanto os indicadores de avaliação como os meios que levam a bons desempenhos são moldados por relações de poder; e o são decisivamente. Seria ingênuo supor o contrário.

Assim, os critérios de avaliação que ranqueiam os cursos de pós-graduação no país são pautados pelas correntes mais poderosas do meio acadêmico e científico.

Bons desempenhos no mercado literário são produzidos não só por uma boa literatura, mas por grandes investimentos em marketing; grandes sucessos no meio musical são conseguidos, dentre outras formas, “promovendo” as músicas nas rádios e em programas de televisão, e assim por diante.

Os poderes econômico e político, não raras vezes, estão por trás dos critérios avaliativos e dos “bons” desempenhos.

Charge política

Critérios avaliativos e medidas de desempenho são moldáveis conforme os interesses dominantes, e os interesses são a razão de ser das operações de poder; que, por sua vez, são a matéria prima de toda a atividade política.

Então, por trás da cortina de fumaça da meritocracia repousa toda a estrutura de poder da sociedade.

Até aí tudo bem, isso ocorre na maioria dos sistemas políticos, econômicos e sociais. O problema é que, sob o manto da suposta “objetividade” dos critérios de avaliação e desempenho, a meritocracia esconde estas relações de poder, sugerindo uma sociedade tecnicamente organizada e isenta da ingerência política.

Nada mais ilusório e nada mais perigoso, pois a pior política é aquela que despolitiza, e o pior poder, o mais difícil de enfrentar e de combater, é aquele que nega a si mesmo, que se oculta para não ser visto.

Poder financeiro global

6- A meritocracia é a única ideologia que institui a desigualdade social com fundamentos “racionais”, e legitima pela razão toda a forma de dominação (talvez a mais insidiosa forma de legitimação da modernidade).

A dominação e o poder ganham roupagens racionais, fundamentos científicos e bases de conhecimento, o que dá a eles uma aparente naturalidade e inquestionabilidade: é como se dominados e dominadores concordassem racionalmente sobre os termos da dominação.

7- A meritocracia substitui a racionalidade baseada nos valores, nos fins, pela racionalidade instrumental, baseada na adequação dos meios aos resultados esperados.

Para a meritocracia não vale a pena ser o Quintana, não é racional, embora seus poemas fossem a própria exacerbação de si, de sua substância, de seus valores artísticos. Vale mais a pena ser o Paulo Coelho e fazer uma literatura calibrada para vender.

Da mesma forma, muitos pais acham mais racional escolher a escola dos seus filhos não pelos fundamentos de conhecimento e valores que ela contém, mas pelo índice de aprovação no vestibular que ela apresenta. Estudantes geralmente não estudam para aprender, estudam para passar em provas.

Cursos de pós-graduação e professores universitários não produzem conhecimentos e publicam artigos e livros para fazerem a diferença no mundo, para terem um significado na pesquisa e na vida intelectual do país, mas sim para engrossarem o seu Lattes e para ficarem bem ranqueados na CAPES e no CNPq.

Charge política

A meritocracia exige uma complexa rede de avaliações objetivas para distribuir e justificar as pessoas nas diferentes posições de autoridade e poder na sociedade, e estas avaliações funcionam como guiões para as decisões e ações humanas.

Assim, em uma sociedade meritocrática, a racionalidade dirige a ação para a escolha dos meios necessários para se ter um bom desempenho nestes processos avaliativos, ao invés de dirigi-la para valores, princípios ou convicções pessoais e sociais.

8- Por fim, a meritocracia dilui toda a subjetividade e complexidade humana na ilusória e reducionista objetividade dos resultados e do desempenho.

O verso “cada um de nós é um universo” do Raul Seixas – pérola da concepção subjetiva e complexa do humano – é uma verdadeira aberração para a meritocracia: para ela, cada um de nós é apenas um ponto em uma escala de valor, e a posição e o valor que cada um ocupa nesta escala depende de processos objetivos de avaliação.

A posição e o valor de uma obra literária se mede pelo número de exemplares vendidos, de um aluno pela nota na prova, de uma escola pelo ranking no Ideb, de uma pessoa pelo sucesso profissional, pelo contracheque, de um curso de pós-graduação pela nota da CAPES, e assim por diante.

Embora a natureza humana seja subjetiva e complexa e suas interações sociais sejam intersubjetivas, na meritocracia não há espaço para a subjetividade nem para a complexidade e, sendo assim, lamentavelmente, há muito pouco espaço para o próprio ser humano.

Desta forma, a meritocracia destrói o espaço do humano na sociedade.

Distribuição de renda

Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existem, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos.

Assim, embora eu tenda a concordar com a tese da Marilena Chauí sobre a classe média brasileira, proponho aqui uma troca de alvo.

Bradar contra a classe média, além de antipático pode parecer inútil, pois ninguém abandona a sua condição social apenas para escapar ao seu estereótipo.

Não se muda a posição política de alguém atacando a sua condição de classe, e sim os conceitos que fundamentam a sua ideologia.

Então, prefiro combater conceitos, neste caso, provavelmente o conceito mais arraigado na classe média brasileira, e que a faz ser o que é: a meritocracia.

* Renato Santos de Souza é engenheiro agrônomo, mestre em Economia, doutor em Administração e professor da Universidade Federal de Santa Maria – RS. 

85 comentários em “A meritocracia na raiz do conservadorismo da nossa classe média

  • 23 de janeiro de 2016 em 14:00
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    Queremos deixar um agradecimento público aos comentaristas que aqui vieram para proporcionar um dos momentos mais gratificantes da história desse site. Qualquer adjetivo seria insuficiente para qualificar a verdadeira aula de civilidade com que um tema tão espinhoso e controverso foi debatido até agora. Com o alto nível das discussões, não houve espaço para qualquer manifestação espontânea de trolls a fim de tumultuar o ambiente. Estamos, portanto, de parabéns pelo respeito e tolerância com que nos tratamos, mesmo com as naturais divergências, sem que tenha sido necessária nenhuma intervenção moderadora dos editores. Gratos a todos, sinceramente, pela troca de conhecimentos e pela inestimável colaboração. P&M

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  • 23 de janeiro de 2016 em 12:59
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    Obrigado pelo seu maravilhoso texto, professor!

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  • 30 de outubro de 2015 em 00:19
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    Tinha que ser um Professor de uma Universidade Federal para ter uma opinião tão arraigado quanto a se premiar àquele que se dedica mais do que os outros. Professores Públicos, via de regra, odeiam essa tese.

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  • 18 de maio de 2015 em 19:41
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    Parabéns pelo texto e principalmente pelo fechamento brilhante.

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  • 11 de abril de 2015 em 14:17
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    Olá,

    O texto sobre Meritocracia motivou-me até a escrever minha crônica semanal, hoje. Para não precisar copiar todo o texto aqui, peço licença para colocar o link:

    http://www.kbrdigital.com.br/blog/saude/

    Vou realçar aqui um parágrafo do texto que esclarece melhor a minha opinião, mas peço que leiam tudo no link acima, pois acho que o meu artigo pode contribuir para o tema dos médicos.

    Aqui está o parágrafo:

    “Para dar um exemplo mais esclarecedor: se um médico canadense quisesse praticar no Brasil em contato direto com a população, teria que saber falar muito bem o português e fazer uma atualização de seus conhecimentos, por exemplo, na área da Medicina Tropical. E teria que passar por uma avaliação para ser confirmada ou não a sua aptidão para cuidar da saúde da população brasileira, com suas peculiaridades, que são tão diferentes das canadenses. Um médico que tenha cursado medicina e sempre vivido no Canadá, não estudou a Esquistossomose ou a Doença de Chagas como são estudadas no Brasil, só para citar alguns exemplos. Além disso, ele nunca terá visto um caso na sua prática, exceto se tiver atendido algum paciente originário dos trópicos, que tenha uma dessas doenças. Isso seria muito difícil acontecer, pois para um estrangeiro vir morar no Canadá, ele passa por exames médicos completos e, se for detectada alguma doença, na maioria dos casos o indivíduo não é admitido no país.”

    Obrigada,
    Maria do Carmo

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    • 27 de julho de 2015 em 22:46
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      Bom texto com crítica ao programa de financiamento do regime cubano (sendo esta sua prioridade política principal, inequivocadamente), mas a conclusão sobre o Quebec não esconde a ordem de preferências que se amolda ao conservadorismo apontado aos médicos brasileiros, representantes orgulhosos da classe-média criticada neste ensaio.

      O texto conclui que existe uma alegada penúria do atendimento médico no Quebec e indica como isso como uma virtude em razão da manutenção do rigor na seleção de médicos para aquela região, em nome da qualidade, diferente do que faz o Brasil. Ora, mas se a penúria, a falta de atendimento, continuam, afinal, a qualidade preservada serve a quem? A resposta é clara, serve à própria classe médica, pois o paciente do Quebec e Belterra no Pará vão continuar sem médico, e portanto, sem atendimento de qualidade.

      O texto que se apresenta para esclarecer sobre uma situação, revele desconhecimento, eis que a finalidade de atendimento do programa “mais médicos” é o atendimento básico, o primeiro (e geralmente mais importante) contato entre as pessoas e o sistema de saúde, sendo que a queda na qualidade pela adoção de serviços de estrangeiros sem aprovação formal e de momento (eis que não há repetição de provas para continuamente verificar a qualidade do conhecimento de estrangeiros e de brasileiros) é um risco calculado, na medida entre benefícios e malefícios, que ao final gera vantagens à população carente de qualquer atendimento médico.

      O texto que busca afastar a crítica aos médicos do presente ensaio, ao final confirma a ideologia da “meritrocracia pela meritocracia” praticada por esses notórios defensores do status quo da classe-média.

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      • 27 de julho de 2015 em 23:10
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        Robson, a classe média, ou a grande maioria dela(imagino), defende uma meritocracia que contempla a igualdade de oportunidades, tanto quanto isso seja possível.

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  • 11 de abril de 2015 em 12:09
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    É por aí, Marcelo. À medida que se caminha para a esquerda, mais igualdade se alcança, porém menos liberdade e meritocracia sobra, com todos os desdobramentos negativos que isso traz junto. Quem foi que disse que todos querem trabalhar muito e serem ricos?! Eu, assim como você, também não quero. Acho desejável que os seres humanos tenham as mesmas oportunidades de autorrealização, mas não somos todos iguais.

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  • 10 de abril de 2015 em 21:31
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    Um dos maiores erros das esquerdas é querer a todo e qualquer custo a IGUALDADE. Acham que tem as soluções para o mundo e querem IMPOR as suas “soluções” para os outros. E quem disse que as pessoas são obrigadas a serem IGUAIS? Quem disse que isso é algo a ser buscado? Só é possível ser igual a força. Eu sou classe média baixa e NÂO quero ser igual aos milionários. Não busco igualdade com eles. E nem com ninguém. E NÂO me importo que sejam mais ricos do que eu. Assim como milhões de pessoas se contentam com uma casinha no morro, ou viveriam na praia pescando com todo o prazer e felicidade. Milhões de pessoas são felizes como são. Quem tem inveja dos diferentes e busca igualdade a todo preço e a força na verdade é um opressor. A Marilena Chauí é incapaz de aceitar uma visão de mundo diferente. A meritocracia diferencia as pessoas sim, e isso não é um mal em si, a não ser na cabeça dos opressores que não conseguem lidar com as diferenças. A meritocracia funcionou sim para Mario Quintana. Ele foi reconhecido por muitos como um grande poeta e escritor. Quem disse que ele almejava ser rico?

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  • 10 de abril de 2015 em 18:31
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    Prezado,

    Interessante o texto, que me foi repassado por uma colega no facebook. Mas discordo em alguns pontos, a começar pela ideia de uma classe média homogênea. Sei que não é esse o espírito do texto, já que você mesmo alerta para o fato de que muitos “classe média” não se sentiriam reconhecidos nas “qualidades” apontadas como típicas da classe média. Mas vou mais além, uma vez que eu reconheço esta meritocracia em outros segmentos da sociedade não típicos da ideia de uma classe média. Vamos ver, por exemplo, o crescimento das seitas pentecostais, que estabelecem uma hierarquia clara derivada do comportamento bom, trabalhador, que diferencia uns humanos de outros. Vamos ver, igualmente, setores sociais que, organizados, se colocam como “conscientes”, face a outros, considerados incapazes de se posicionar “corretamente”, seja na política, seja no comportamento social ou religioso. Todos estes se atribuem um mérito que justifica não somente a ascensão social, econômica ou política, como o direito de ditar verdades a outrém. Então a meritocracia é mais disseminada do que a imagem que parece surgir do teu texto e das ilustrações, mesmo que eu perceba que a ideia de fundo é mais complexa. Empiricamente falando, nada parece mais meritocrático do que as classes que ascendem social e economicamente, pois elas necessariamente tendem a se diferenciar dos que “ficaram para trás, ou “perderam seu lugar” instituindo sistemas de mérito próprios que vão da maior esperteza à maior disposição para o trabalho/estudo. Isso se aplicaria bastante bem para a classe média brasileira, país de urbanização/industrialização recente que tem grande parte de sua dita “classe média” atual formada por descendentes de imigrantes estrangeiros e nacionais, muitas vezes analfabetos ou muito mal qualificados, a maioria certamente pobres, que na cidade encontraram campo para ascender socialmente como indivíduos, especialmente durante os nos 50 e 60, em meio à crescente pobreza urbana. Mas a atribuição de mérito passa também pela crença na posse da verdade em detrimento da verdade alheia. A própria formulação do discurso “correto” pode ser vista como uma capacidade meritória de distinção, já que resulta em uma determinada posição social “conquistada”. Outro ponto interessante é a questão do capital cultural que um segmento da classe média busca através da valorização do estudo. Além do trabalho e do esforço, este é um dos pontos em que parece se basear a diferenciação e a “cultura” da dita classe média. A classe média é realmente este ponto de convergência da sociedade, para onde chegam os que ascendem e onde aqueles que permanecem criam tradição. Alguns, muito poucos chegam a ascender por meio de estudo e trabalho para as ditas classes altas, até porque estudo e trabalho não são os valores principais desta classe patrimonialista que, portanto, prefere ter seus “classe média” de estimação (cooptados entre intelectuais, artistas, por exemplo) sem misturar-se a eles. Mas é exatamente esta ênfase no estudo como uma das “distinções” da classe média que permite a existência dos movimentos anti-meritocráticos (existe isso?)na sociedade, porque, para um significativo segmento da classe média, a extinção da pobreza representa exatamente a extinção do risco de perda de status social. Então, enfim, eu tendo a discordar de você, caro autor, porque eu não consigo fazer uma ligação entre a meritocracia da classe média com o conservadorismo. Mesmo que isso de fato ocorra em muitos setores da classe média, mas esta é uma característica que acontece não somente aí, mas ocorre também entre segmentos muito mais amplos da sociedade. Não podemos falar edenicamente de uma classe trabalhadora solidária, preocupada com o bem-estar coletivo, etc. Isso pode acontecer em determinados grupos (também de classe média), mas o “trabalhador bom selvagem” é um mito romântico que a própria literatura do século XIX já destruiu (apesar de perdurar na mente de muitos intelectuais da classe média). Em suma, vejo a classe média sim conservadora, por seu apelo à meritocracia, mas vejo a classe média extremamente progressista, por acreditar que somente a diminuição da desigualdade pode evitar que seu status social e econômico seja ameaçado (até porque a igualdade econômica e social aumenta em muito o poder do capital cultural que a classe média preza tradicionalmente). O fato de pessoas como a Marilena Chauí, grande filósofa, grande personalidade, não conseguir (ou não poder no calor do momento) distinguir isso, mostra somente que a classe média muitas vezes não consegue se desculpar por ser classe média em um país desigual, justamente pelo seu lado progressista. Hoje, infelizmente, estamos assistindo a um debate raso, entre setores da classe média radicalizados, que excluem exatamente aquela maior qualidade da classe média, o uso de seu capital cultural para construir um futuro para a sociedade. É da ausência destes setores excluídos (conservadores e progressistas, e de sua capacidade de exercer a crítica, que sentimos falta no debate político hoje.
    Obrigado pelo texto.

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  • 10 de abril de 2015 em 18:24
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    Principalmente se a família dele não fez nada de errado para conseguir chegar onde chegou, e sim com trabalho duro. O fato de terem melhores condições, através de gerações de trabalho duro, torna isso um problema?

    Essa é uma enorme falácia do texto de Renato Santos de Souza.

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  • 10 de abril de 2015 em 10:17
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    Oi, Flávio. O capitalismo não “estabelece padrão” nenhum; trata-se de um modo de produção, não de uma doutrina política. E mesmo que não seja uma maneira perfeita, a meritocracia é o que há de melhor. (Ou teríamos o Estado resolvendo caso a caso?!)Lembrando que sucesso profissional e pessoal não significa necessariamente dinheiro.

    Abs.

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  • 9 de abril de 2015 em 14:14
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    Xavier, acredite, não fui ingênuo. Sei inclusive que a igualdade absoluta de oportunidades até a maioridade é impossível, e por mais de um motivo. Ocorre que não espero um mundo perfeito, estes (que esperam) é que são os utópicos. No caso que externou, os pais do amigo da sua irmã puderam (e quiseram!) pagar por ainda mais educação ou ensino. Alguns pais não pensam tanto assim nos filhos, e, pelo amor de Deus, não estou dizendo que seja o caso na sua família. Mas não há como o Estado igualar totalmente o merecimento de cada um com o resultado que teve na vida. (Muita gente é feliz com menos dinheiro, tendo feito esta opção. Um hippie pode ser mais feliz que um yuppie milionário.) Existe sim algum nível de compensação, via transferências de renda de toda ordem, mas é injusto que a mão pesada do estado elimine o resultado do merecimento.

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  • 9 de abril de 2015 em 10:05
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    Pois é, Carlos, mas a injustiça (não necessariamente a desigualdade de renda) tem como causa-raiz a diferença nas oportunidades. A meritocracia tem que começar a partir da semelhança nas oportunidades iniciais.

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    • 9 de abril de 2015 em 13:58
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      Alexandre, isso é uma ingênua utopia. Te digo por que.

      Minha irmã tem um amigo que estudou com ela desde a quinta série (com 11 anos) até o fim da faculdade (22 anos). Mesmo colégio, mesma universidade, mesmo curso. Os dois sempre foram ótimos alunos.

      Porém depois de formados, o peso da condição financeira do rapaz se fez presente. Os pais bancaram para ele cursos caros que rapidamente o diferenciaram no mercado de trabalho. Com 25 anos ele já era gerente numa grande empresa e minha irmã ainda dava os primeiros passos na carreira.

      A desigualdade é amarga de engolir, mas é um fato da vida. Temos que aprender a ser felizes com o que temos. E a não ter raiva dos que vieram ao mundo com mais do que nós.

      Mas temos que trabalhar pra que quem tem menos não viva na miséria como acontece hoje.

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  • 8 de abril de 2015 em 13:29
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    Bom texto, mas não concordo.

    Acho que há um equívoco na definição de sucesso e resultado financeiro.
    O Quintana foi mais competente em literatura do que o Paulo Coelho. O Paulo Coelho foi mais competente em tornar sua literatura um produto.
    Se você considera sucesso ser melhor escritor, o Paulo Coelho é um coitado. Se acha que o dinheiro mede a qualidade considera, como considerou, injusto o Quintana morrer na pobreza.
    Eu prefiro dinheiro aos sucesso profissional. Alguns têm mais vaidade do que ambição e não ligam para a realidade se a aparência for adequada.
    Resumindo:
    Cada ser tem seu sucesso de acordo com seu projeto. Se você quer ganhar dinheiro, busque dinheiro. O problema é encarar alguém que não é competente em ganhar dinheiro como um coitado que precisa receber dinheiro de quem é competente. O importante é que as regras do jogo sejam justas. Desmerecer o merecimento….

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  • 7 de abril de 2015 em 19:50
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    Nada pode ser desmedido, mas certa feita o texto me pareceu um esboço da Saga Divergente, kkk.

    Resposta
  • 7 de abril de 2015 em 10:23
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    Sei la se alguém vai ler [tem comentário pra caramba…] mas enfim deixo minha critica…

    Gostei do inicio, é uma ótima avaliação da causa, mas quando vc diz o por que dela ser perversa vc deixa de olhar os dois lados da questão [como vc fez no inicio] e passa a analisar olhando apenas a perspectiva de fora, o que deixa o artigo tendencioso [sei que é impossível não ter algum grau de tendencionismo, mas toda analise deve buscar o pareamento das ideias].

    segundo, acho que vc precisa calibrar o foco do seu texto, em alguns momentos ele parece ser totalmente contra a meritocracia e em outros ele parece ser apenas contra uma meritocracia exacerbada.

    E minha ultima critica é: “sem a meritocracia o que vc coloca no lugar?”. Ja vi muitas analises que mostram conclusões semelhantes a suas, mas nenhuma esboça dalgum tipo de solução. Acho que o maior intuito de um aritigo que nem esse é fazer as pessoas mudarem, alguém da “meritocracia” pode ler esse artigo e até concordar, mas mudar para o que? sem opções não pode haver mudança.

    Resposta
    • 7 de abril de 2015 em 16:13
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      Gostei da sua análise sobre o texto. E particularmente da pergunta que deixou entre aspas no final.

      Resposta
    • 7 de abril de 2015 em 17:47
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      Sua análise do texto foi ótima! Num momento houve uma perda do foco se contra ou se a favor da meritocracia, ou muito pelo contrário… Ou seja, o questionamento existe, mas não há resposta, não há uma resolutividade. Foi quase como uma dissertação sobre o sexo dos anjos…

      Resposta
    • 8 de abril de 2015 em 13:23
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      Se você reparar direitinho, vai verificar que o autor diferencia meritocracia como valor pessoal (positivo) da meritocracia como imposição à sociedade para o atingimento de objetivos (negativo e com critérios duvidosos). Sua dúvida procede, e espero ter ajudado.

      Resposta
    • 9 de abril de 2015 em 00:38
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      Acho que a resposta é que não pode ser SÓ a meritocracia. Sou médico, estudei em escola pública de medicina, tenho minhas rusgas com o programa Mais Médicos, algumas rusgas discretas com cotas (não sobre o mérito) mas entendo que as políticas públicas são instrumentos absolutamente necessários na melhoria das condições de vida da grande maioria da nossa população, não dá pra ser um cidadão feliz com tanta injustiça, principalmente em relação a distribuição de renda, nesse país.

      Resposta
  • 6 de abril de 2015 em 23:54
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    Interessante o texto. Porém a Meritocracia é uma ferramenta do Capitalismo. Portanto, onde houver capitalismo, haverá meritocracia, pois é ela que mede qual será o valor recebido por cada pessoa do sistema, levando em consideração seus méritos, valores, bens e principalmente procura do mercado (este ultimo é que dita o valor), ex. hoje uma diarista (que a algum tempo atrás era considerado um trabalho discriminado), hoje, devido a procura do mercado pode pagar melhor que alguns cargos administrativos em Escritórios de Contabilidade que exigem um profissional formado. O Capitalismo sem a Meritocracia é Socialismo.

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  • 6 de abril de 2015 em 19:29
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    Complementando: o autor do texto, ou a Chauí, atacam a meritocracia quando deveriam estar atacando a diferença de oportunidades que as pessoas têm quando atingem a maioridade. Os governos devem operar para diminuir tais diferenças, não para eliminar o mérito. Sem esta ferramenta, produto do mérito, estaríamos nos comunicando por carta, entregue por alguém montado num cavalo.

    Resposta
    • 10 de abril de 2015 em 00:58
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      Pois é meu amigo…Ao invés de Criar cotas pra negros, etc podiam criar cotas para estudantes pobres que se destacassem no ensino público! Mas dá muito mais votos fazer assim além de aguçar a questão racial ( dividir para conquistar ). Isso para não falar que alguns anos aboliram a repetencia…E mole? Assim fica fácil dizer que o analfabetismo caiu, que a evasão escolar diminuiu…..Mas a qualidade…..E só ver o desempenho de nossos alunos no enem ou quando comparamos com países aí fora….Continue assim não se deixe convencer por argumentos furados!

      Resposta
  • 6 de abril de 2015 em 17:09
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    Boa tarde. Excelente texto, mais não me convenceu. Como exemplo cito a sua ilustração onde se fará uma prova e os candidatos devem subir em uma árvore. Agora, imagine que a vaga é para apanhar maçãs, você contrataria outro que não o macaco? Ou contrataria o peixe, pois ele faz parte de uma “minoria” injustiçada pela sociedade?

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    • 7 de abril de 2015 em 00:59
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      resta saber qual critério é usado para definir o mérito,
      você usa o exemplo da árvore e eu complemento com o
      do escritor mário quintana – como se estabelece o mérito
      de cada um?

      Resposta
      • 10 de abril de 2015 em 09:02
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        Essa realmente vc matou a pau! “Como se estabelece o mérito de cada um?”
        Esse é de fato o problema do capitalismo, que para tentar diminuir o risco de decisões erradas, e ganhar eficiência, estabelece padrões que muitas vezes não condizem com a realidade!

        Resposta
  • 6 de abril de 2015 em 15:52
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    Parabéns Renato
    Texto bem escrito e bem embasado em argumentação sólida. Correndo o risco de reproduzir preconceitos, embora sem intenção, fiquei surpreso com sua qualificação profissional, pois a base da formação do engenheiro, economista e administrador é justamente a meritocracia que você critica com propriedade. Acrescentaria ao seu texto que, devido ao fato de o mérito (como desempenho) ter se tornado critério da ordem social, vivemos numa sociedade extremamente violenta, pois todos que julgam que sua condição se deve tão-somente ao seu mérito querem muita polícia para protegê-lo contra aqueles cuja condição, supostamente, seja tão-somente péssimo desempenho.

    Resposta
    • 8 de abril de 2015 em 20:14
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      Parabens Jair um dos poucos que deixaram o seu comentário que realmente entenderam a essencia do texto do Renato. Não vejo o texto como uma “crítica” desmedida nem “utópica” sobre a meritocracia mas sim uma análise de que a meritocracia não deve ser o parâmetro para que aqueles que ascendem socialmente por conta do seus próprios esforços (muitas destas pessoas puderam chegar onde chegaram porque tiveram a oportunidade de estudarem em boas escolas, boas universidades, na sua maioria em universidades públicas – diga-se de passagem sustentadas também pelos impostos daqueles cujos “desempenho” e “desmerimento” são inferiores aos “meritocrátas” – e puderam receber os conhecimentos técnicos profissionais para que fundassem suas carreiras e buscassem o “mérito” dos seus esforços)sejam merecedores de todas as glórias e benefícios por parte do Estado. Não estou aqui repudiando a ideia de que as pessoas que se dedicam, se esforçam, se aperfeiçoem, busquem seus objetivos não “mereçam” o sucesso profissional, econômico e social, não, pelo contrário, admiro estas pessoas… o que não se pode confundir é que na sociedade somente aqueles que tenham alcançado um “status” através dos “méritos” sejam os privilegiados e obriguem ou exijam que os demais tenham a mesma postura e principalmente exigir daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades tenham os mesmos desempenhos que os seus… o que percebo é que a ideologia da meritocracia se esquece que o ser humano é diferente em sua essência… que cada um de nós tem habilidades diferentes, capacidades diferentes e assim por diante… não há como se nivelar a sociedade somente pelos “méritos” individuais… mas penso que uma sociedade justa é aquela que oferece oportunidades e condições igualitárias para que todos aqueles que se dediquem façam por merecer os frutos dos seus esforços, o que lamentavelmente não temos… quantas pessoas com capacidade, com competência e esforçadas não ascendem por simples falta de uma verdadeira oportunidade? se chegariam ao um “sucesso” também não há como se ter certeza, mas penso que sem oportunidade não se pode falar em mérito nem em meritocracia…

      Resposta
      • 8 de abril de 2015 em 20:41
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        Nelson, a meritocracia verdadeira – aquela que parece ser o alvo da Chauí – considera que as pessoas tenham as mesmas oportunidades. Este é o ponto! É justamente o ideário da direita, relacionado à meritocracia, que recebe bem o que você falou: “o ser humano é diferente em sua essência… que cada um de nós tem habilidades diferentes, capacidades diferentes e assim por diante”. No mais, parecemos concordar que o justo é que todos tenham oportunidades semelhantes para ascender na vida – lembrando que nem todos têm as mesmas ambições ou desejam ser ricos. Um hippie e um yuppie podem ter tido as mesmas condições de vida até a maioridade, mas podem escolher caminhos diferentes depois. Cada um é feliz de um jeito.

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  • 6 de abril de 2015 em 13:10
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    Se as oportunidades forem igualadas, a meritocracia se faz presente. Merecimento x desempenho. Sim, há diferença, e quem valida é o Mercado, não há outro jeito. Mas um hippie que vive de artesanato pode ser mais feliz que um rico yuppie. É preciso sim criar condições para que a meritocracia seja legítima. Não acho que a maioria da classe média seja contrária a isso não…

    Resposta
  • 6 de abril de 2015 em 11:46
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    Esse texto tá bárbaro, zerou por hoje a internet. Porém senti falta dos créditos das ilustrações. O que aliás, é obrigatório. Talvez por questão de “mérito”, rs. Queria saber os seus autores.

    Resposta
    • 6 de abril de 2015 em 11:58
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      Gratos, Thais.

      Em mais da metade basta clicar nas imagens que elas abrem os originais na fonte de origem. As demais estavam arquivadas há muito tempo no nosso sistema.

      Porém clicando sobre cada uma delas com o botão direito do mouse você tem no seu navegador o recurso que permite encontrá-las nos buscadores com muita facilidade.

      Abs

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  • 5 de abril de 2015 em 14:08
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    Parabéns Renato! Excelente texto, elegante e esclarecedor. As ilustrações também são ótimas.

    A relação entre a meritocracia e a justiça sempre me intrigou. É fácil concordar que merece mais quem tem melhor desempenho. Parece lógico, justo. Mas, você mostrou aqui o quão curta é esta visão.

    Me parece que o ponto crucial é enxergar o ser humano em sua individualidade e complexidade como um semelhante, com outro dons, outras histórias de vida mas, essencialmente um semelhante. Assim, os direitos básicos são anteriores a qualquer mérito.

    Seu texto põe um foco sobre a classe média reacionária como produto e reprodutora da meritocracia, uma espécie de refém do pensamento meritocrático (uma vez vencedores sob seus valores, acreditam que a meritocracia é justa para todos e, ignorando a real desigualdade de condições, por opção ou não, acreditam e propagam que ficam na ignorância e na pobreza apenas aqueles que não se esforçam e, por isso, também não merecem ajuda), um ponto de vista novo para mim.

    Espero que a leitura deste texto amplie a visão sobre o tema, como ampliou a minha, e liberte os bons cidadãos.

    Abs!

    Resposta
  • 4 de abril de 2015 em 12:00
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    Miguel Angelo,

    concordo inteiramente. Seu comentário completa o meu.

    Resposta
  • 4 de abril de 2015 em 00:35
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    Gostei muito de tudo escrito aí, só discordo de discutir apenas conceitos, pois os métodos valorativos se baseiam apenas em conceitos, prefiro discutir morte e modos de matar pessoas de maneira programada ou em acidentes fatais.

    Senão, cada morto precoce, esse que é o destino de quem é barrado no palacete da meritocracia, não passa de um conceito estatístico, um índice de avaliação meritocrática.

    Queria acrescentar que a meritocracia não avalia com honestidade, ou, se preferir, com precisão, como parece à primeira vista, mas como se deduz a partir de sua prática imiscuída com qualquer poder, é obvio que manipula os critérios, e isso é feito nas melhores universidades.

    O Palacete da Meritocracia proíbe a entrada de quem, por ventura, consiga superar, em desempenho mesmo, aqueles que estão lá dentro.

    A meritocracia mente em seus próprios critérios.

    Existem muitas maneiras de matar a concorrência, o que se chama de competição, só não entendo por que a Academia trocou o conceito de luta de classes pelo conceito de competição. Sendo que matar adversários de miséria e de isolamento é prática comum e bem-vinda.

    Competição que não tem nenhum espírito esportivo, aliás, todos sabem que é uma guerra e tolos são aqueles que não aceitam a realidade. Dizem assim tantos que estão seguros e terão uma velhice de aposentadoria tranquila. Para tais, todos são reféns, objetivos, talvez, vá lá, e assim se quando se dirigem aos reféns concretos que a realidade, e a sociedade, produz.

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  • 3 de abril de 2015 em 22:29
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    Discordo do pressuposto de que a meritocracia é característica da classe média: não conheço evidências empíricas que atestem isso, nem o autor as oferece. Na verdade faz uma classificação sócio econômica – onde surge a classe média – e outra ideológica: onde repousam os conceitos, entre eles a meritocracia. Penso que esta é compartilhada sim nos outros estratos sociais até que alguma evidência empírica mostre o contrário.

    Discordo ainda que o conceito é reacionário: cada conceito pode ter o viés político especificado ou modificado, dependente do contexto histórico-social. Vamos, por exemplo, recuperar o humanismo da revolução francesa para nossas discussões atuais? Seria adequado? Para não falar de conceitos ainda mais amplos e duradouros: Justiça, por exemplo: teria o mesmo conceito entre os romanos, os descobridores das grandes navegações, os donatários das capitanias hereditárias, os liberais na primeira república, os ideólogos do estado novo, a população que marchou pelas diretas já?

    Para simplificar: reacionário se opõe ao modificador, ao revolucionário… Não há neste Brasil de hoje nem o primeiro nem o segundo…

    Resposta
    • 4 de abril de 2015 em 01:38
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      É realmente temerário associar meritocracia à classe média como algo indissociável em toda sua extensão; porém tenho que admitir a qualidade da análise feita pelo Renato Santos de Souza. É de Marx a expressão “De cada um de acordo com suas possibilidades e para cada um conforme suas necessidades.”; isto, penso, deveria nortear o comportamento humano, o resto são distorções comportamentais geralmente baseadas em argumentos reducionistas/simplistas: Valem os valores que me convém! Defenderei até a morte meu direito de não sair da zona de conforto!
      Uma das atitudes básicas para que cresçamos como humanos é não ficar debatendo essas filigranas opiniáticas e sim fazer algo para melhorar o status quo. Isto impõe sairmos de nossa zona de conforto…

      Resposta
      • 4 de abril de 2015 em 11:42
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        O reacionarismo aliado a extrema ignorância gera este tipo de raciocínio…

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  • 3 de abril de 2015 em 16:35
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    Texto fantástico, muito bem escrito e fundamentado. Bom de ler. Obrigada!

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  • 2 de abril de 2015 em 12:10
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    Apesar de pertencer à classe média, sempre olhei com desconfiança os critérios utilizados em provas para empregos públicos e outras modalidades classificatórias. Porque somente alguns que conhecem determinadas matérias têm acesso a empregos ou cargos que estão a anos luz de suas qualidades como pessoa. A forma como se mede a capacidade de uma pessoa através da meritocracia não dá garantia de que ela tenha perfil para estar à frente de tal desafio.

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  • 1 de abril de 2015 em 20:23
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    Quando você institui cotas por raça, não estabelece uma desigualdade?

    À medida que o sujeito precisa do mérito de ser negro, se é que pode-se assim dizer, torna-se desigual ao seu par que, possivelmente tão sem recursos para custear seus estudos ou mais, é preterido em função da cor da pele.

    Há muito que se aperfeiçoar em tudo que foi analisado no texto, porém, tão desigual quanto nomear o Sarney para a ABL, seria remunerar o Mario Quintana (a quem prefiro milhões de vezes ao outro, diga-se) de igual maneira ao Paulo Coelho, que consegue atingir as massas com sua linguagem e temas populares.

    Acredito que se a meritocracia e a produtividade fossem instituidas no nosso sistema político, muitas dessas questões seriam melhoradas.
    Um bando de senadores e deputados que se aproveitam da condição que possuem para, entre outras milhares de regalias, folgar por 10 dias numa semana santa, por que é errado acreditar que um bolsa família acomode muitos dos que delas são beneficiados, deixando de querer de produzir?

    Vamos SIM distribuir muitas bolsas famílias, elas são ótimas. Mas vamos também incentivar as famílias, para que se estude e trabalhe cada vez mais. Vamos trabalhar no sentido de criar meios para quem quiser poder trabalhar e evoluir.
    Às pessoas deve se incentivar o orgulho para que cresçam, não ficar a vida toda recebendo uma “esmola” cômoda do governo para garantir votos na próxima eleição.

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    • 8 de abril de 2015 em 21:12
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      Em primeiro lugar quero elogiar o nível dos comentários. Bom poder debater sem ofensas, porque anda difícil dialogar.
      Concordo com o seu comentário e acrescento que toda teoria, assim como as leis aqui no Brasil, esbarram na total falta de compromissos com as necessidades básicas da população que está abaixo da discutida classe média do texto. Afirmo que REACIONÁRIA é a classe política deste país, que não quer verdadeiramente mudar o “muitos com nada e poucos com muito”. E no meio, encontra-se o trabalhador que desconta seus impostos diretamente na fonte, seja no contra-cheque ou no seu consumo diário.

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  • 1 de abril de 2015 em 18:28
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    Eu, sendo uma pessoa da classe média, senti como se uma carapuça tivesse saído do pc e encaixado perfeitamente na minha cabeça, tendo pais pobres que batalharam e conquistaram bens e a estabilidade financeira da classe média com muito esforço e suor, posso dizer que em inúmeras vezes justifiquei a miséria com a falta de vontade de crescer do próprio indivíduo, e após ler esse texto senti que sou só mais uma dizendo “não” a quem precisa de ajuda, e dizendo que “sim” para quem não precisa, só para conseguir favores e ser aceito na sociedade.

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  • 22 de março de 2014 em 02:40
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    No capitalismo o mérito não é medido pelo esforço, pelo empenho, pela capacidade individual, ele é medido pela geração de valor. Uma simples ideia, seja de um produto, um serviço, um conceito, algo que gere muito valor, é muito mais recompensada do que uma vida inteira de trabalho árduo. E como se mede esse valor? Esse valor é medido pela quantidade de pessoas que consideram essa ideia útil, ou seja, que consumam a ideia, e o quanto se pode ganhar através desse grupo de consumidores.
    Negar o mérito e relativizar o sucesso é desincentivar a busca pela evolução. Não importa se há desigualdade, contanto que na média a sociedade esteja sempre evoluindo. Uma pessoa da classe média de hoje vive mais e melhor do que um rei do século 15. Em países africanos extremamente pobres existe luz elétrica, computadores, internet, que não estariam lá se isso não tivesse sido desenvolvido em outro local, mesmo que visando outro público. Esse é o efeito conhecido como “catching up” ou convergência, onde economias pobres ou classes mais baixas são “puxadas” para cima pelas partes ricas.
    Basear a sociedade no igualitarismo leva fatalmente a um nivelamento “por baixo”, o mérito deve ser buscado e incentivado para que a sociedade continue evoluindo.

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    • 11 de abril de 2014 em 04:00
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      Desculpa, Thiago. Mas voce leu o que o autor do texto escreveu sobre a diferença entre merito e desempenho?

      Acho bom falar sobre o merito enquanto houverem para todo mundo as mesmas condiçoes e possibilidades de competir na vida.

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      • 1 de abril de 2015 em 00:37
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        Não acredito que depois de ler um texto tão exemplar tu ainda tem a coragem de reproduzir essa merda ultra-liberal!! Fala sério, cara!! Tuas piadas de mau gosto como “efeito catching up”, o “mérito deve ser incentivado para evoluirmos”, não passam de uma ideologia estúpida que só serve para tentar justificar a indefensável filosofia de vida dos Irmãos Koch, de Rupert Murdoch, de George Soros, Friedman, defendidas por ideólogos do status quo do grande capital que vai do Haiek passando pelo Mises até o próprio Milton. Não passa de um monte de sofisma para defender o inferno. Nada mais.

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        • 1 de abril de 2015 em 13:05
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          Os erros de ortografia e a linguagem agressiva acabam desviando a atenção do leitor sobre o que é importante, ou seja, os seus argumentos. Adjetivos e qualificações como m3rd@ ultra-liberal, ideologia estúpida, sofismas para defender o inferno não ajudam a entender o que você defende. Talvez você possa esclarecer melhor seu ponto de vista sem a necessidade de adjetivar tanto.

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    • 1 de abril de 2015 em 00:56
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      Perguntas a esse “jênio” constantiniano:

      1) Como você sabe que um rei do século XV vivia pior que alguém da classe média hoje? Quero fontes e que me explique como virar sem teto depois da crise imobiliária de 2008 é melhor que ser um rei;

      2) Como uma vida inteira de trabalho deve ser menos compensada do que uma simples ideia comercial (deve ser por isso que os ricos adoram trabalho braçal e ainda falam em sacrifícios);

      3) De qual evolução você está falando? Aquela biológica de Darwin ou a social de Spencer? Será que nosso ato final como humanidade evoluída, seja lá o que essa merda signifique, será ter sucesso comercial, fazer compras no shopping, sério?

      4) Não importa se há desigualdade… Ainda que ela seja brutal com 1% controlando 50% da riqueza mundial e temendo os riscos dessa iniquidade. Uma pergunta: está entre esse 1% mais rico?

      5) Quantas pessoas exatamente têm acesso á luz elétrica, água potável, celular, internet nos tais países africanos, xará? Quero fontes e dados; será que mesmo a maioria têm acesso e é por causa da simples existência nos países centrais (sic)?

      6) Se você estiver falando sério deve ser um louco ou um obtuso, um indivíduo extremamente burro. Exceto se estiver devidamente entre o 1%. Somente assim faz sentido falar tanta m3rd@.

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  • 21 de março de 2014 em 21:21
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    Para um texto gigantesco é bem estranho que o autor não tenha se preocupado em definir o que está no cerne da questão: O que é “mérito”?

    Sem essa definição tem-se a impressão de que mérito, para o autor, é simplesmente *intelectual*, o que se encaixa bem na tese que ele tenta comprovar a partir de seu primeiro exemplo: a resistência da (geralmente) estudada classe médica.

    Mas não há mérito no trabalho duro? Na persistência? Na engenhosidade? Na criatividade? A qual fator se deveria atribuir o sucesso incontestável dos imigrantes judeus, japoneses, italianos, alemães, que chegaram ao Brasil só com a roupa do corpo após a Segunda Guerra se não *mérito*? Raça? Sorte? Qual o segredo dos atletas bem sucedidos? Dos bailarinos do Bolshoi? Apenas talento e nada mais? Não são os zilionários das pontocom (e antes deles das míticas empresas de garagem americanas) apenas o produto mais recente de de um sistema que premia como nenhum outro o mérito?

    Eu entendo que da mesma maneira que a Teoria da Seleção Natural de Darwin acabou levando, por uma leitura superficial, à bizarrice distorcida do darwinismo social, a meritocracia pode levar ao reacionismo social quando mal interpretada.

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  • 20 de março de 2014 em 11:04
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    Concordo com os fatos explanados pelo colega. Porém fica a pergunta em grande escala, como avaliar o mérito sem avaliar o desempenho? Nenhum ser vivo muda por que quer ou para agradar os outros, todos evoluem por necessidade de sobrevivência ao meio que vivem, porém fora da caridade não há salvação, devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Fica o dilema!

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  • 28 de janeiro de 2014 em 18:07
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    O texto publicado do Professor e Pesquisador Renato Souza, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) é magistral. Ele encontra-se publicado na sua versão original dia 18 de Setembro de 2013 no seu facebook e autorizado para publicação no blog “Ezequiel Redin Online” no mesmo dia, no seguinte link:

    http://ezequielredin.blogspot.com.br/2013/09/desvendando-espuma-o-enigma-da-classe.html

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  • 18 de dezembro de 2013 em 18:50
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    Li seu texto duas vezes. Achei-o por meio de busca junto a outros sobre o tema da meritocracia.
    Tenho a dizer que o texto é muito bom e elegantemente escrito e que me trouxe perspectivas que antes eu não havia pensado. Ao mesmo tempo ajudou-me a fundamentar melhor outros que já pensava da mesma forma.

    Contudo, a relação meritocracia-classe média exposta em seu texto não me satisfez. E digo-lhe porquê: se buscarmos subsídios socias e históricos para esta relação, veremos que ela é bem mais complexa do que o exposto. Na realidade, não creio que a classe média brasileira seja de fato adepta da meritocracia em qualquer sentido do termo.
    O conservadorismo tão pouco é uma condição ou qualidade da classe-média, ela faz parte de boa parte da própria maneira de ser, pensar e agir de nossa sociedade. Basta observar como vota a população de bairros humildes e a partir de que valores o fazem. Não é só a política assistencialista de alguns políticos que lhes garante votos nestas regiões. Há identificação entre discurso e valores.

    Não creio que a classe-média se fez em oposição a um estamento estatal ou mesmo ao Estado. Nem mesmo a empresarial e os profissionais liberais. Parte dela é oriunda do aparelho estatal, e a que está fora dele, pode contar com a benesse via Estado. Reclama da tributação, mas, por outro lado, ganha com empregos e com financiamentos subsidiados para aquisição de imóveis e automóveis que o setor privado não oferece.

    Bom, a discussão seria longa e o assunto é mesmo interessante.
    Parabéns pelo texto.

    Resposta
    • 18 de dezembro de 2013 em 19:45
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      E nós agradecemos, Luiz, pela gentileza desta colaboração equilibrada e inteligente que só valoriza a blogosfera. Sinta-se sempre à vontade. Abs, Paulo

      Resposta
  • 5 de novembro de 2013 em 17:32
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    Clap! Clap! Clap! Para o post. Para os toons. E para os comentaristas, tirante o questionador que se enrolou todo e o mala que criticou o currículo magistral. Fora isso, ma-ra-vi-lha! Nederlands kisses, Mariamante.

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  • 5 de novembro de 2013 em 00:10
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    Hahahahaha…….. só rindo. Os conservadores aqui de Sta Mª (e são a maioria) estão se mordendo com a repercussão do artigo do Prof. Renato. Se pudessem, lanhavam ele com vara de goiabeira, como nós dizemos aqui.
    Para dar uma idéia, no ano passado os estudantes fizeram uma tal Marcha do Exercito Anti-Cotas nas universidades, coisa de inspiração fascista. Para isso eles se mobilizam, mas nada de ir contra o sucateamento da educação pública, nem mesmo formam um grupo contra o racismo ou o extermínio da juventude negra.
    São nada mais nada menos do que pessoas com medo de perder os privilégios que sempre possuíram, sua bandeira é a de que a universidade pública seja o reduto das elites e que os demais esperem pela melhora do ensino público pelo qual eles não darão um passo para que melhore.

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  • 4 de novembro de 2013 em 22:49
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    Há inúmeros pontos a serem questionados neste texto. Querer dizer que a crise nos Estados Unidos não têm nada a ver com a meritocracia é verdade, mas querer insinuar que o contrário é verdadeiro é uma leve manipulação. Então em uma sociedade não meritocrática não haverá crises? Será pelo fato de que uma sociedade dessas não consegue piorar? E ainda, os Norte Americano, no auge de sua crise em 2008, estavam pelo menos 10x melhores do que a gente, que vive num país com saúde pública que “suporta” as necessidades de seu povo.
    É um erro achar que a meritocracia premia com dinheiro. Outro erro é achar que a meritocracia deve premiar o que achamos ser bom.
    Quem disse que Quintana queria ganhar dinheiro com suas obras? O nobre professor preferia ter uma empresa de engenharia altamente bem sucedida, ou preferia ser professor de uma respeitada instituição, como a UFSM? Se preferia a segunda opção, tenho pra mim ser então o senhor premiado pela meritocracia, que tanto julga. Sabe também o senhor que se prefere ser professor é pelo fato de que todas as profissões são diferentes e como tal cada uma tem suas vantagens e suas desvantagens. Assim, como bom engenheiro que deve ser, escolheu a profissão de professor por ser o ponto ótimo para si. Porém, além de escolher, teve que apresentar competência e mérito para ocupar o cargo. Neste ponto está a meritocracia. O que não se pode aceitar é alguém optar por uma profissão, ou por um estilo de vida, e querer os benefícios de outro também. Cada um tem o seu. Portanto, é um grande erro achar que a meritocracia premia com dinheiro, aliás, é um argumento bastante usado de forma equivocada.

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  • 4 de novembro de 2013 em 10:46
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    Então, imagine o que se passa na cabecinha desse meritocrata:

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  • 3 de novembro de 2013 em 22:03
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    WOW!!! Demaaaaaiiiiiissssssssss………..
    Repassando para meus amigos……………
    Bjusssssss

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  • 3 de novembro de 2013 em 19:20
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    Aí depois de ler um texto inspirador sobre a meritocracia, eu chego no final e me deparo com o seguinte:

    “Renato Santos de Souza é engenheiro agrônomo, mestre em Economia, doutor em Administração e professor da Universidade Federal de Santa Maria – RS.”

    Deplorável.

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    • 3 de novembro de 2013 em 20:22
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      Ele é o que é, como, inclusive, admite no próprio texto. E já que isto incomoda tanto, eu acrescento: um educador muitíssimo admirado no Rio Grande, além de humanista com importante contribuição também na blogosfera progressista – sempre elegante, como lembrou a Camila (em comentário abaixo), até onde conheço sem jamais ter desqualificado algum pretenso detrator ou quem quer que seja.

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      • 3 de novembro de 2013 em 21:29
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        Eu achei legal saber de quem se trata e qual a formação do Renato, pois revela um grande paradoxo: um engenheiro como eu (kkkkk!), além de economista e tal, portanto um cara oriundo da área técnica que, ao invés de ser mais um ‘cabeça de planilha’, demonstra sensibilidade social e preocupações humanitárias que deveriam ter sido abraçadas por quem não o fez e deveria ter sido treinada para tal. Me refiro a parte expressiva da classe médica, que radicalizou pela ‘re$erva de mercado’ contra a vinda dos seus colegas estrangeiros. Foi esse o contraponto que eu pude fazer.

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  • 3 de novembro de 2013 em 18:17
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    Me chama atenção a elegancia da argumentação que eleva o nivel do debate sem xingamento ou ofensa apesar de assunto polẽmico.

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  • 3 de novembro de 2013 em 14:05
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    Que artigo é esse, meu?
    Achava que a meritocracia era basicamente a forma ideal para se eleger os favorecidos, os privilegiados numa sociedade. Hoje percebo que é também uma forma autoritária e discriminatória de socialização baseada na crença de que a punição, o castigo, tem poder pedagógico. Para os outros… rs
    Muito maneiro. Abração, míster.

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  • 2 de novembro de 2013 em 21:38
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    A meritocracia tem um grave problema: traz implícita a ideia de que nem todos merecem algo. Há quem mereça e há quem não mereça. Há uma ideia de seleção (boa, a charge do Darwin sobre subir na árvore), de recompensa dos mais aptos. Isto não seria um problema em si se soubéssemos definir e delimitar os campos onde o mérito deve ser um critério.

    É óbvio que nem todo mundo merece ganhar uma medalha de ouro na Maratona, nem qualquer um merece ser chefe de um depto de finanças e nem todos merecem ser o capitão do time. O problema não é esse.

    O problema é que há quem pense que o mérito é um critério tão bom que ele deve ser estendido a todos os setores, mesmo o dos Direitos Humanos. Ou seja: haveria então quem mereça ter direitos e quem não os mereça.

    É esta a posição do neoliberalismo, que critica as políticas de inserção social (pobres ignorantes e sem trabalho não merecem nada) e que considera que não só há cidadãos que não merecem emprego (não sabem fazer nada) como, se estiverem desempregados algum tempo, até deixem de merecer seguro desemprego, moradia, tratamento médico ou alimentação e devem apenas ter acesso a tudo isso se alguém lhe der como esmola.

    É esta a fronteira onde a festejada meritocracia se torna fascista.

    Parabéns pelo post e pelo blogue. Robson Santos

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  • 2 de novembro de 2013 em 20:57
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    Cara, que texto sensacional, jamais pensei sobre o conservadorismo da classe média por esse lado da meritocracia, faz muito sentido. Vlw

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  • 2 de novembro de 2013 em 20:02
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    Meritocracia: uma força inquestionável que promove justiça para quem tem mais mérito ou uma desculpa esfarrapada para não se sentir mal com a miséria alheia?

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  • 2 de novembro de 2013 em 18:13
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    acho que a melhor forma da meritocracia ser atingida é cortar os privilégios. sem privilégios, tanto pra rico quanto pra pobre. isso é justiça.

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    • 2 de novembro de 2013 em 19:14
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      Questionei um amigo médico sobre isso, Sérgio. Ele respondeu que MERECIA desfrutar de privilégios porque havia batalhado muito para obtê-los. Hehehe…

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      • 6 de novembro de 2013 em 17:28
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        kkkkkkkk Sinceramente, acho que a maioria dos médicos brasileiros, não passam de vermes sanguessugas. Ou melhor, “dinheirossugas”. Não por que exploram (há exceções), mas por viverem em função do dinheiro, e não das frases tão ditas no período pré-formação: “Amor à profissão e ao próximo”; “Poder cuidar das pessoas”.

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        • 6 de novembro de 2013 em 17:42
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          Rsrsrsrs. Sua citação, Caio, me fez lembrar dos coleguinhas milionários da chamada “grande imprensa”. Veja (ops!), pelo que é veiculado todos os dias, se eles igualmente cumprem o compromisso assumido, perante si próprios e todos os demais, na solenidade de entrega dos canudos:

          JURAMENTO DOS JORNALISTAS

          Juro,
          no exercício das funções de meu grau,
          assumir meu compromisso
          com a verdade e com a informação.
          Juro empenhar todos os meus atos e palavras,
          meus esforços e meus conhecimentos
          para a construção de uma nação consciente
          de sua história e de sua capacidade.

          Juro,
          no exercício do meu dever profissional,
          não omitir, não mentir
          e não distorcer informações,
          não manipular dados e, acima de tudo,
          não subordinar em favor de interesses pessoais
          o direito do cidadão à informação.

          Pode cair agora em mais gargalhadas…

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