Velha mídia sofre nova derrota com reeleição de Obama nos EUA

Obama vence eleição

NOCAUTE DA VELHA MÍDIA

O Chefe de Redação

Lá, como cá, a velha mídia arquiconservadora torceu e distorceu para fazer crer que seu candidato (de direita) teria chances de vencer a eleição nos EUA. Não tinha, pelo menos para os bem informados, e foi à lona após uma esperada surra nas urnas. Mesmo assim é bom não esquecer que o segundo mandato vem menos das virtudes de Obama do que dos defeitos de Romney.

POR QUE OBAMA VENCEU

Por Paulo Nogueira *

Obama foi uma enorme decepção. Ainda assim, foi bom para os Estados Unidos e para o mundo que ele tenha derrotado Mitt Romney.

Romney é um arquiconservador que simboliza a iniquidade social que se alastrou globalmente nas últimas três décadas.

Charge de ObamaEste é o maior drama moderno, aquele que ocupa a prioridade entre as prioridades de homens públicos sérios em toda parte.

A imagem que ficará de Romney para a posteridade é a do magnata que disse não ligar para os 47% dos americanos mais pobres e desassistidos.

Sem perceber que gravavam suas palavras ao dono de um cassino, os chamou de “loosers” — os derrotados da sociedade norte-americana.

Obama teve a sorte de enfrentar um candidato que representa o zeitgeist, o espírito do tempo, às avessas.

Romney é um daqueles casos de ricos que encontraram múltiplas maneiras de sonegar impostos – dentro da legalidade amoral.

As únicas duas declarações de renda que ele publicou, depois de intensa pressão, mostravam que ele pagou de imposto algo na faixa dos 13%.

Uma ninharia, uma migalha, um absurdo para quem tem uma fortuna do tamanho da dele.

Romney iniciou sua vida de empreendedor sem grandes esforços, graças a uma milionária herança paterna.

Obama reeleito

Acusou a China de competição desleal, mas não hesitou em usar mão-de-obra chinesa em empresas semiquebradas que ele comprou.

Fez cortes brutais e assim deu aparência saudável a negócios na realidade doentes — vender logo depois com altos lucros.

Romney é o Gekko — interpretado por Michael Douglas, no filme Wall Street – Poder e Cobiça — da vida real.

Seu adversário democrata, espertamente, explorou isso na campanha.

Obama incorporou, sem citar, as linhas essenciais dos protestos do movimento Occupy Wall Street.

Ele caracterizou Romney como o “1%” e disse querer governar os EUA por mais quatro anos em nome dos menos afortunados – os “99%” do OWS.

Obama com celularEspera-se que, em seu segundo mandato, Obama faça mais do que fez no primeiro pelos “99%”.

Se der foco e atenção a eles, talvez se ocupe menos em matar inocentes no Oriente Médio com os infames drones, os aviões de guerra não tripulados.

O conceito de “justiça social” deu a vitória a Obama, assim como derrotou, há seis meses, o presidente francês Nicolas Sarkozy.

Com enorme atraso, num artigo no Estadão, FHC notou que para o PSDB não virar insignificante o partido tem que se conectar com os pobres.

Eles quis dizer: sigamos na linha do OWS, os 99%.

Mas isso não se materializará enquanto as lideranças tucanas forem políticos como José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves.

Estes são homens que representam exatamente o oposto, o 1% dos ricaços.

E por isso são tão incensados por colunistas como Dora Kramer, Merval Pereira e Arnaldo Jabor, entre tantas outras almas gêmeas.

São estes articulistas arquiconservadores que dão apoio a ideias como as de Mitt Romney, mas que, felizmente, não dão votos.

* Paulo Nogueira é jornalista

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