Rede Globo resiste à crise comendo o lucro das suas afiliadas

TV GLOBO AMPLIA O MONOPÓLIO NA MÍDIA

Plebiscito TV Globo

A instabilidade econômica que se instalou nos EUA a partir da crise imobiliária de 2004 e detonou a economia da Europa de 2009 para cá foi suficiente para servir de alerta ao maior conglomerado ou multinacional de comunicações do Brasil, a Rede Globo.

Com logística e planejamento estratégico de caráter altamente duvidoso, a organização dos irmãos Marinho conseguiu driblá-la desde o começo do ano. Hoje a crise se alastra e domina a mídia impressa, radiofônica e televisiva nacional.

Entre as exigências implementadas para a imunização da Rede Globo dos efeitos predatórios e recessivos da crise está a diminuição do lucro das emissoras reprodutoras da sua programação, mais conhecidas como afiliadas.

Mais do que isto, significa a transferência (ou apropriação) simultânea de parte do seu faturamento estadual para a central Globo, cujo repasse obedece a taxas negociadas, uma a uma, com as emissoras integrantes da rede.

Em qualquer outro setor de atividade, essas manobras político-administrativas caracterizariam o nascimento de um oligopólio (monopólio ampliado), que seria logo investigado e detonado pelo Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

Mas nem de longe isso passa pela cabeça do governo e nem do Congresso Nacional: quem ousa mexer com a Rede Globo e seu reconhecido poder de “persuasão”? A intocabilidade política é a sua marca, não de agora, mas desde os tempos da ditadura militar.

A Rede Globo tem se recusado terminantemente a sentar à mesa com os outros membros do setor para discutir a regulação midiática. No governo Lula até que se tentou, mas a tentativa foi absolutamente frustrada pela oposição feroz da empresa.

O efeito negativo dessa operação para as afiliadas da rede individualmente não foi apenas a redução do lucro das emissoras locais, mas uma relativa perda de autonomia política-administrativa sobre uma vasta clientela nacional atraída mais pela programação nacional do que local.

A contrapartida do acordo da administração do conglomerado com as emissoras locais para a central Globo foi seu fortalecimento interno, uma melhor conexão das realidades das agências de publicidade (dominadas pela lógica do BV) e do noticiário locais com a programação nacional através do portal G1, onde são arquivadas as notícias locais que passam a ser acessadas pela audiência internacional da emissora-sede.

Essas alterações foram negociadas em silêncio sepulcral durante seis meses entre a administração central da Globo e cada uma das suas afiliadas.

Completo do Observatório da Imprensa

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