Imposto sobre heranças e grandes fortunas moderniza a sociedade

Na crista da onda

O TSUNAMI DA CRISE FINANCEIRA

O Chefe de Redação

Parece óbvio demais que os mais ricos devem pagar mais tributos que os mais pobres. Isso só não acontece porque são os privilegiados que elaboram as leis que os protegem. Espertinhos, na hora de devolver alguma riqueza para a sociedade eles se postam no fim da fila.

CHEGOU A HORA DE TAXAR OS MAIS RICOS

Por Marco Antonio Araujo *

A fronteira final da modernização da sociedade brasileira tem nome: imposto sobre heranças e grandes fortunas.

A legislação arrecadatória tem sido usada como blindagem àqueles que durante séculos vêm consolidando o que nos acostumamos a chamar de elite branca deste país.

A Europa em crise está sendo obrigada a colocar o dedo do fisco nessa ferida. Quando a casa cai, o andar de cima vem abaixo por último: é uma lei da física (e, pelo visto, da economia).

Todo mundo tem que colocar a mão no bolso na hora de a vaquinha ir pro brejo.

Na esteira de um movimento que veio do epicentro da falência, os EUA, diversos países desenvolvidos resolveram aumentar impostos (como sempre fazem), desta vez de olho naqueles que amontoam bilhões. Enfim.

A França, por exemplo, vai arrancar 10 bilhões de euros dos caixas das grandes empresas. Nada parecido com os “incentivos” fiscais a que estamos acostumados por essas bandas.

Portugal acaba de criar nova taxa para fortunas, imóveis de luxo e transações financeiras.

Parece óbvio demais que os mais ricos devem pagar mais tributos que os mais pobres. Isso só não acontece porque são os privilegiados que elaboram as leis. Espertinhos, só na hora de devolver alguma riqueza para a sociedade eles ficam no fim da fila.

Em qualquer lugar do mundo é assim. Pois perderam, playboys.

Metade das grandes heranças dos estadunidenses, por exemplo, ficam com o governo.

Não por acaso, é um país em que seus milionários são “generosos” em vida e fazem doações astronômicas para universidades e instituições filantrópicas (deduzíveis do imposto de renda, claro).

O Brasil jamais esbarrou em uma proposta que coloque as coisas no devido lugar, sempre com o argumento que nossos impostos são mal geridos.

Por mais verdadeira que seja essa afirmação, o problema estaria em nossos governantes — e não nas alíquotas definidas em lei.

Infelizmente, essa discussão só virá à tona por aqui se o tsunami econômico europeu nos colocar na crista da onda da quebradeira mundial.

O problema é que aí, como sempre, vai ser tarde demais.

* O Provocador

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