Herrera dá ‘drible da vaca’ fantástico em babaquice da Globo

A MODA BREGA DA GLOBO

O Chefe de Redação

Eu não admirava tanto assim o futebol do jogador argentino Herrera, do Botafogo. Mas, a partir do último domingo, 21, eu passei a respeitar Herrera como Homem — isso mesmo, com ‘agá’ maiúsculo. Antes, já havia reparado que o atleta hermano nunca comemorou um gol imitando o ‘João Sorrisão’, como fazem os bobos brasileiros, puxa-sacos da TV Globo. Agora tá explicado o porquê: o gringo é macho!

HERRERA PARA A GLOBO: ‘MÚSICA PRA QUÊ?’

por Rodrigo Vianna *

O Herrera já jogou no meu time, o Corinthians. Centroavante esforçado, o argentino está longe de ser craque. No Botafogo, tem ficado no banco. Nesse domingo, o Fogão perdia de 1 a zero quando Herrera veio a campo, no início do segundo tempo. Ele fez a diferença. Placar final: Botafogo 4×2 São Paulo F.C., com 3 gols do Herrera.

Jogador Herrera do Botafogo

O jovem repórter que acompanhava o Botafogo, na transmissão da Globo, correu até o Herrera no fim do jogo. Fez o correto: o argentino era o personagem do jogo. Mas o repórter caiu numa cilada.

Resolveu ser “engraçadinho”, talvez contaminado pelo clima geral nos programas esportivos da emissora (atenção, nas transmissões há muita gente boa na Globo, que cobre futebol com classe e competência; mas, nos programas, a regra geral da nova geração é ser “soltinha” e “engraçadinha”): em vez de perguntar sobre o jogo, resolveu perguntar que música Herrera pediria no “Fantástico”.

Aparentemente, Herrera desconhecia [ou fingia desconhecer] o fato de que goleadores têm o “direito” de pedir musiquinha no programa da Globo. O argentino foi seco: “Música pra quê?”

O repórter insistiu, e Herrera: “não, eu não peço música não; fico na música minha…” Mas “nem em castelhano?”, quis saber o jornalista: “Não, nenhuma”.

Herrera virou tema no Twitter, é claro. Centenas, milhares de mensagens… A maioria, de apoio ao atacante.

Mais tarde, no “Fantástico”, a surpresa (eu disse “surpresa”?). A Globo resolveu tripudiar. Tratou o comportamento do goleador botafoguense como “mistério”. Como se houvesse algum. O cara simplesmente disse “não”. É simples.

Para o Herrera, e milhares de torcedores, essa história da Globo querer pautar horários [e otários], comemoração e até a trilha sonora dos gols é de uma babaquice sem tamanho.

Pra completar a noite, um repórter (de Esportes) da Globo resolveu atacar o Herrera. E escreveu o seguinte no Twitter: “Golaço do Fantástico. Tratou com normalidade e humor, o babaca do Herrera.”

A pancadaria entrou noite adentro. Foi mais um episódio didático, a mostrar como trabalham aqueles que se dizem preocupados com a defesa da “liberdade de imprensa” no Brasil. Um leitor, no Twitter, fez o comentário certeiro:

@adamastaquio “Essa é a Globo e seu modo truculento de agir! Imagina o q a Globo n faz com coisa séria então… Tipo eleição!”

A gente sabe bem… Viu em 82 com o Brizola, em 89 com o Lula. E, quando se achou que isso estava superado, voltaram a atacar em 2006 e 2010…

O caso Herrera talvez ajude um público menos politizado a entender como eles operam. Por isso, tanto político em Brasilia tem medo de dizer não pra Globo. Precisa ser casca grossa, feito o Herrera…

Não se sabe o que vai rolar. De repente, pedem pra ele se retratar nos próximos dias, pra amaciar com a Globo. Pode até ser.

Mas espero que o Herrera siga firme e honre as tradições de Paulo Cesar Caju, Afonsinho e João Saldanha – botafoguenses ilustres que não baixavam a cabeça pra milico em plena ditadura, muito menos pra jornalista (ou jornalismo) babaca.

Viva o Herrera!

* No Escrevinhador, com imagem do Bobagento e significado de ‘mainstream’ aqui.

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