Guilherme Arantes defende a inclusão social e abraça a esperança

CANTOR E COMPOSITOR CRITICA FASCISTAS

Cantor Guilherme Arantes

Me solicitaram sugestões sobre direitos em excesso e deveres zero.

A primeira sugestão é não desanimar e parar imediatamente com o discurso monótono do desalento, ceticismo, de ficar xingando o Brasil.

O mundo é inteiro igual, o ser humano não é nada mais especial nos EUA, por exemplo, onde a sociedade é truculenta e onde O. J. Simpson não foi condenado pelo evidente assassinato da mulher, um escândalo na época.

Itália? Porca miséria… uma política de piadas.

França? Berço da Democracia, está sempre guinando para a extrema direita, xenofobia, exclusões raciais e étnicas, oligaquia perversa.

Japão? Truculência total, escravidão e desumanidade no dia a dia.

China e India? Os novos milagres do mundo, sem comentários…

É bom lembrar que se você olhar uma foto de 1940 do Largo do Café (como as que tem no Bar Brahma) você pode pensar que era uma beleza, tudo limpo, as pessoas “decentes”, tinham “compostura”…

Mas você não vai ver um preto, um mulato, um japonês sequer.

Só um povo branco, burguês, de terno de casimira inglesa, de chapéu (muitos panamás) fumando charuto, algumas poucas mulheres de tailleur, uma sociedade “visível” completamente apartada da realidade.

Onde estão os negros, ali ? Onde estão as massas do proletariado, invisível?

Olhe hoje. A inclusão não é uma conquista partidária, de uma corrente. Foi sangrenta, teve luta no dia a dia. Mas andou.

As pessoas até 30 anos atrás faziam piada de preto, de árabe, de judeu, de japonês – é bem diferente que piada de português, porque esta não é piada étnica.

Hoje não tem mais graça, aliás, pra mim e pros meus filhos, nenhuma graça.

Mudou.

No tempo da Ditadura (pouco tempo atrás) o samba que se ouvia nas paradas de sucesso era : “Do Lado Direito da Rua Direita”… (Originais do Samba, com Mussum e tudo) Pode ? Para pra pensar…

A questão é que o Brasil agora vai aprender a conviver e lidar com a liberalidade da Democracia.

É ruim? Incomoda ver o povão ter sua expressão, as periferias, o gosto da maioria?

A mim, não incomoda.

É fácil ficar chamando as décadas de 60, de 70, de privilegiadas, porque havia “cultura popular de qualidade” – fácil porque era uma sociedade de exclusão!!!

A coisa complica quando você precisa conviver com as diferenças.

Não troco o meu tempo PRESENTE por nada!

Não me engano, o passado hoje parece doce porque está lá distante, já passou e está dominado na nossa cabeça, porque o passado é mais confortável, porque não implica em desafio.

Parece doce, mas era escroto, muito mais escroto!

Quem não estiver preparado pra conviver com a inclusão social, e quer a volta da aristocracia, está ferrado porque o mundo não quer mais o que já foi.

E eu quero o futuro.

No futuro, cada desalento, cada roubalheira que estourou na mídia, cada perversidade que é divulgada, cada erro, cada acerto, cada confusão, cada discussão, cada controvérsia, tudo, mas tudo mesmo, terá sido um tijolinho na construção da democracia.

Na História, nada se perde, e essa construção é lenta.

Temos que cuidar é pra não haver em hipotese alguma retrocesso de ARBÍTRIO. Essa a cagada histórica, porque o Brasil tutelado ficou infantilizado e parou no tempo da construção de sua democracia.

A violência nas ruas é um sinal de tudo o que não queremos ver, uma anarquia que apetece tanto aos deslumbrados “revolucionários” moldados em outro tempo, década de 60, em que o quebra-quebra tinha o charme gauche da Contracultura.

Grande bosta de tempo! Guerra Fria, exclusão, racismo, linha dura, roubalheira total… e ninguém podia abrir o bico!

Então, a melhor opção é lutar. Seguir adiante.

Mas se não é pra acreditar nas mentiras, se é pra se indignar, eu gosto ainda mais porque o caminho é esse.

Se é pra contestar, brigar todo dia, toda hora, melhor ainda.

Essa pedra só ficará redonda se rolar, bater, lixar, rolar, bater, lixar.

No fim, fica redondinha.

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