Como reconhecer e degustar a cachaça de qualidade

Da mesma maneira que os vinhos mais sofisticados, a cachaça pede um paladar cada vez mais apurado para ser degustada de forma apropriada.

Muito mais do que aperitivo, a bebida já aparece como acompanhante de inúmeros pratos e, para que isso aconteça de forma saborosa, o conhecimento dos ingredientes é necessário.

“Quando se toma uma cachaça, é preciso observar a agressividade, a acidez, o sabor alcoólico inicial e residual”, ensina o mestre cachaceiro Delfino Golfetto, que dirige a maior rede de cachaçarias do mundo – a Água Doce Cachaçaria.

Segundo ele, a doçura também deve ser levada em consideração: é positiva se ela for resultante dos compostos doces do próprio produto e do método de armazenamento – quando também recebe açúcares provenientes da madeira na qual a cachaça é armazenada. É negativa quando é resultante da adição de sacarose. “Muitas vezes, o açúcar mascara sabores ruins”, diz o especialista.

3° lugar no ranking

A bebida, que hoje é sofisticada e aparece como o terceiro destilado mais consumido em todo o mundo (superado apenas pela vodca e pelo soju coreano), faz parte da História do Brasil, desde o século do descobrimento. Naquela época, a produção era realizada de forma clandestina pelos escravos já que os senhores de engenho preferiam a bagaceira, destilado alcoólico feito com restos da fermentação do vinho.

Após a fermentação do melaço e a destilação do produto em alambiques improvisados, seguindo a técnica usada pelos portugueses para a produção da bagaceira, foi criada a primeira aguardente brasileira. A menção mais antiga à palavra cachaça é de 1640, época em que Maurício de Nassau governou os domínios holandeses no Nordeste (1637-1644).

Sobre a origem do termo cachaça, há muitas explicações. Uma delas diz que tudo começou com o vocábulo ibérico cachaza, que nomeava um tipo de vinho barato muito consumido em Portugal e na Espanha. Outra hipótese é que a palavra designava a fêmea do cachaço, um tipo de porco selvagem cujas carnes duras eram amaciadas com a aguardente.

Passo a passo

Delfino Golfetto ensina os sete passos para se reconhecer uma boa cachaça:

– Uma boa cachaça é límpida, transparente e sem resíduos;

– O aroma deve ser agradável e dar vontade de continuar cheirando, além de despertar a vontade de saborear;

– A boa cachaça deixa no copo uma oleosidade que escorre lentamente. É por isso que o cálice deve liso e transparente. A bebida queima agradavelmente na boca, descendo de modo suave pela garganta;

– No processo de degustação de várias cachaças de gradação alcoólica diferentes é importante tomar água mineral gasosa e comer pedaços de pão puro;

– Para degustar uma dose, o ‘cachaçólogo’ demora de 15 a 20 minutos. Ou seja, não existe esse negócio de virar tudo de uma só vez, na base da “lapada”. Quem faz isso pode ser tudo, menos um apreciador. Um coquetel e uma batida requerem de 20 a 30 minutos;

– Alguns degustadores costumam agitar a garrafa para verificar a quantidade de bolhas que se formam. Quanto maior o número de bolhas, melhor a qualidade da bebida;

– A cachaça de qualidade precisa ficar armazenada por, no mínimo, dois anos numa boa madeira. Se ficar acima de oito anos, vira produto nobre e ganha status.

Melhore a digestão

A cachaça é um ótimo digestivo, por isso o costume de degustá-la antes das refeições, como aperitivo, e depois delas, para colaborar na digestão.

Museu da cachaça

Toda a história da bebida pode ser conhecida no Museu da Cachaça, idealizado e mantido pela Água Doce Cachaçaria em Tupã, cidade do interior de São Paulo. O museu apresenta a história da cachaça,fotos, reportagens e mais de 2 mil garrafas, além de peças de engenho usadas antigamente na produção.

Endereço:

Rua Nhambiquaras, 385 – Vila Aviação – Tupã – SP
Telefones: (14) 3441-2321 / 3441-4337

* Remix do texto de Janaina Nicanuzia, publicado no blog Amigos da Cachaça

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *