CIA vai usar até os eletrodomésticos para nos espionar

Espionagem doméstica

BIG BROTHER GLOBAL

O Chefe de Redação

A tragédia real do Big Brother, ninguém se engane, hoje está mais para o romance ficcional 1984, de George Orwell, do que para o picadeiro decadente de Pedro Bial e seus patrocinadores, na TV Globo.

O controle opressivo da sociedade agora é chamado candidamente de Internet das Coisas: um mundo em que os eletrodomésticos que usamos, as roupas que vestimos, os talheres com que comemos e todo o resto que podemos imaginar é identificado e localizado através de uma ligação à rede das redes.

Não só não é ficção científica, como levou o atual diretor dos serviços secretos dos EUA, David Petraeus, a antecipar com entusiasmo os benefícios para a espionagem desta verdadeira revolução na forma como entendemos a Internet.

“Tudo o que consideramos como objeto de interesse poderá ser localizado, identificado, monitorado e controlado à distância através de tecnologias como a identificação por rádio-frequência, redes de sensores, minúsculos servidores incorporados e coletores de energia – todas elas ligadas à Internet da próxima geração, através de uma capacidade computacional abundante, de baixo custo e muito poderosa”.

Foi como descreveu o diretor da CIA durante uma reunião da IN-Q-TEL, uma empresa de capital de risco ligada aos serviços secretos norte-americanos que apoia as empresas que estão neste momento contribuindo para o desenvolvimento daquele tipo de tecnologia.

A reunião ocorreu agorinha mesmo, no início de março, mas a intervenção só foi divulgada no site oficial da CIA e citada pelo site da revista Wired na semana passada.

O general de quatro estrelas, antigo responsável militar pela Força Internacional de Segurança e Assistência (ISAF, na sigla em inglês) no Afeganistão, mostrou-se particularmente interessado no cloud computing – ou computação em nuvem –, que permite acessar arquivos a partir de qualquer computador em qualquer parte do mundo, como já acontece com serviços como o Dropbox ou o mais recente iCloud, da Apple, por exemplo.

“Na prática, estas tecnologias podem levar a uma rápida integração de dados de sociedades fechadas e permitir um quase constante monitoramento de praticamente qualquer coisa”, salientou o diretor da CIA.

Para David Petraeus, este é um verdadeiro exemplo de uma tecnologia que vai transformar o mundo, que pode ser resumida numa curta frase: “Temos de repensar as nossas noções de identidade e de privacidade”.

“No mundo digital, os dados estão em todo o lado. São criados constantemente, muitas vezes sem intenção e sem autorização. Todo e qualquer byte revela informação sobre localização, hábitos e, por extrapolação, intenções e prováveis comportamentos”, explicou.

Num mundo em que a informação é produzida e replicada a uma velocidade cada vez maior, a resposta da CIA está no aumento da capacidade da agência para ter acesso e analisar tudo o que partilhamos no mundo digital.

“Por exemplo, entre os projectos da IN-Q-TEL há um que permite a recolha e análise de feeds das redes sociais em todo o mundo e outros projetos que usam a computação em nuvem e outros métodos para explorar e analisar todos os dados que existem”, concluiu o chefão da CIA.

Com Público

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