Adolescente não entende o que le em textos longos, só nos curtos

Analfabetismo funcional

RAÍZES DO ANALFABETISMO FUNCIONAL

A Cachaça da Happy Hour

Boa parte dos adolescentes não compreende o que le, revela uma pesquisa realizada com cerca de 700 alunos do 2º ciclo do Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano – de São Caetano, em São Paulo.

O estudo foi feito entre 2008 e 2011 por docentes da USCS — Universidade Municipal de São Caetano.

Toda semana, os estudantes liam o Diário do Grande ABC e realizavam testes de interpretação.

A avaliação foi baseada em 12 habilidades de leitura utilizadas pelos principais exames aplicados no Estado, como Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo).

Segundo o estudo, 30% dos estudantes não conseguem localizar informações explícitas no texto e mais da metade deles apresentou dificuldade de encontrar dados implícitos na leitura.

O embaraço para estabelecer relações entre texto escrito e recursos gráfico-visuais presentes no texto e identificar o tema principal daquilo que foi lido foi apresentado por 50% dos entrevistados.

O resultado confirma o desempenho dos estudantes brasileiros no âmbito da compreensão de texto em avaliações como o Pisa, um programa internacional de avaliação de estudantes que tem a adesão de cerca de 50 países.

PREFERÊNCIA POR IMAGENS

Em 2009, os alunos brasileiros obtiveram 412 pontos em leitura, abaixo da média mundial, que é de 493 pontos.

Uma das professoras responsáveis pelo estudo, Ana Sílvia Aparício Moço explica que as dificuldades podem ser consequência da influência dos meios digitais na vida dos jovens.

Em questionário, 30% dos estudantes revelaram ler apenas aquilo o que é pedido na escola. Por outro lado, 75% consideraram que os textos de jornal impresso são muito longos e 70% afirmaram que leem notícias em portais ou site na internet.

A preferência pela notícia online é devido à dinâmica e presença de imagens.

“A internet é interativa e nos permite buscar tema que queremos ler rapidamente”, defende a estudante do 1º ano do Ensino Médio da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, e uma das participantes do projeto Mariana Munhoz, 15 anos.

ADAPTAÇÃO

Na visão de Ana Sílvia, a pesquisa alerta para a necessidade de as escolas se adaptarem à realidade dos alunos. “Não defendemos o fim do texto impresso, mas o uso de outras formas de letramento que não apenas o livro”, observa.

A mesma vertente é defendida pela professora de Português da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão Telma Piedade. A educadora é a favor da formação e uso das tecnologias dentro da sala de aula. “Percebo que falta paciência para a leitura.”

ESTÍMULO

O levantamento realizado com os estudantes aponta que 53% dos alunos passaram a se interessar mais pela leitura de jornais após a convivência com os exemplares dentro da sala de aula.

Para a estudante Tabata Aires, 15 anos, a leitura, em princípio, era vista como obrigação e passou a ser interessante. “Prefiro ler livros de ficção. Quando sinto necessidade de me atualizar busco na internet”, observa.

Questionados sobre a dificuldade de entender aquilo o que leem, os adolescentes destacaram já perceber a influência da leitura para melhorar este quesito.

“Depois que a gente descobre nosso estilo preferido começa a pegar gosto por ler”, destaca o também aluno do 1º ano do Ensino Médio Vinícius Poliesi, 15.

DICAS

Pais e professores podem estimular o gosto pelos livros.

Uma dica é incentivar a leitura de temas interessantes. “Para começar, textos curtos e mais fáceis, como crônicas e contos são ideais”, orienta Telma.

Outra recomendação é destinar tempo para dedicar-se ao livro em casa e ampliar os horizontes aos poucos.

Em Ronaldo – Livreiro

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