300 milhões de pessoas ameaçadas pela fome na África

VÍRUS DEVASTA A PRODUÇÃO DE MANDIOCA

Comida por escravos africanos

Uma nova tragédia humana começa a se desenhar na África através de uma doença que tem o potencial de ameaçar a subsistência de centenas de milhões de pessoas.

Não se trata de uma pandemia contagiosa, mas, ainda assim, é algo que pode ter consequências devastadoras à Humanidade: a fome, em larga escala.

A doença do listrado castanho da mandioca avança a taxas alarmantes na costa atlântica africana e, em breve, poderá também afetar a América Latina.

Depois do milho e do arroz, a mandioca é a fonte de energia nutritiva mais importante do mundo. Na África, alimenta e garante a renda de 300 milhões de pessoas.

Ainda que tenha origem latino-americana, seu cultivo foi promovido durante anos no continente africano como uma fonte de nutrição segura, por sua tolerância a secas e a solos pouco férteis.

DESASTRE À VISTA

Agora, porém, o mal também conhecido como doença da podridão radicular, provocada por um vírus, pode resultar em quedas de 50% na produção de mandioca na África, com consequências fatais.

Já há estragos no leste africano e agora a doença avança rumo ao oeste. Se atingir grandes países produtores, como Nigéria e Gana, será absolutamente desastroso para milhões de famílias.

Deter essa expansão é justamente o motivo de uma conferência na Itália, nesta semana, que reuniu especialistas de todo o mundo. Mas como impedir o avanço de um inimigo quase invisível?

Praga da mandioca

ASSASSINO SILENCIOSO

A doença foi descoberta em 1935, na costa leste da África, e durante várias décadas foi tratada como um problema menor. Com o tempo, a propagação de cultivos da mandioca e o desenvolvimento de novas linhagens mais agressivas do vírus, o problema foi se agravando.

Um dos grandes problemas do vírus é que os agricultores só percebem que sua plantação foi danificada quando já é tarde demais. Os sintomas só aparecem nas raízes, que é justamente o que é consumido.

O vírus é transmitido pela mosca branca Bemisia tabaci, e o aumento das temperaturas globais propiciou o aumento da população desses insetos.

PERIGO NAS AMÉRICAS

Os especialistas do setor estão “bastante preocupados” com a possibilidade de que doença chegue à América Latina – apesar de rígidas regras de quarentena ao transporte de sementes de mandioca, ou de qualquer outra semente.

O problema é que muita gente que viaja com sementes nas bagagens pessoais, escapando aos controles sanitários nas alfândegas.

No momento, o vetor (mosca transmissora) ainda não foi visto em plantações latino-americanas. Mas os especialistas detectaram a presença do inseto no Caribe, mostrando que ela tem o potencial de chegar às zonas produtivas na América do Sul, como Brasil, Paraguai e Colômbia.

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